Inovação para o desenvolvimento

Por Gilmar Rotta |
| Tempo de leitura: 3 min

Gilmar Rotta é presidente da Câmara Municipal de Piracicaba e do Parlamento Metropolitano de Piracicaba

Na travessia dos crescentes desafios impostos pela “Nova Economia” - designação que explica a transição na geração de valor, da indústria para os serviços – convivemos com profundas mudanças, em velocidade bem acelerada, cuja adaptação ao novo cenário é obrigatória para quem tem o desenvolvimento como objetivo.
O foco, que estava no físico, tangível, se desvia para o do conhecimento aplicado. Ao mesmo tempo em que pode assustar direciona para a democratização das chances de êxito, já que dilui a necessidade de capital financeiro para o sucesso.
Dentre tantas novas nomenclaturas que se misturam, a dita democratização das oportunidades se associa ao conceito que entendo melhor definir a “inovação”, o de que é a criação de valor a partir de algo já existente. É o que nos faz imaginar quantas oportunidades já perdemos com a mentalidade de que para inovar seria preciso algo mirabolante.
Por outro lado, nós, agentes públicos, devemos assumir a missão de zelar pelo acesso de todos ao conhecimento necessário para suportar tantas mudanças. Do contrário, além de gerar um contingente de excluídos, a sustentabilidade do desenvolvimento fica ameaçada por carregar um passivo social tão expressivo.
Assim percebemos que o antigo modelo público, de calcular o custo cada ação ou cada auxílio, já não nos atende completamente. É preciso agora, junto com o custo de fazer, calcular o custo de não fazer.
Neste contexto tão agitado nasceu nossa Região Metropolitana de Piracicaba, um grupo que, apesar das nítidas convergências de interesses, apresenta rica diversidade, capaz de prover sinergia às demandas comuns.
Através dela, já que a inovação cria valor a partir de recursos já existentes, podemos, com ganhos de escala, buscar soluções diferenciadas para diversas questões regionais. São discussões que fomentam o caminho do desenvolvimento.
Por outro lado, precisamos ter consciência de que nossa Região Metropolitana tem uma integração muito menor que outros agrupamentos regionais. Sob distâncias maiores, não podemos contar com ampla mobilidade entre populações dos municípios, que propicia atração de empreendimentos baseados no consumo de massa, importantes para o desenvolvimento.
Mas temos outras vantagens competitivas a explorar pela ótica da inovação. A maior disponibilidade de terras, aliada à curta distância de grandes centros e à excelência do conhecimento, nos coloca na vitrine da aptidão à economia de baixo carbono, a promissora base da retomada econômica para o mundo todo.
No campo dos novos usos da terra, importantes iniciativas como a remuneração por serviços ambientais encontram na RMP condições de trazer benefícios para o mundo. Até da inovação financeira para custear a ideia desenvolvimentista podemos tomar proveito, o novo mercado de créditos de carbono.
Nossa diversidade do parque industrial é um importante seguro para mitigação de efeitos de crises, que pode ser melhor explorado para desenvolvimento e precisa nos entregar valor. Da mesma forma, oferecemos uma estrutura para turismo com potencial para ser mais ocupada.
Já do ponto de vista da localização estratégica, aprenderemos a tomar proveito de nossa posição bem no centro do importante eixo comercial São Paulo / Ribeirão Preto.
Enfim, se antes enxergávamos dificuldade em prever o futuro, a missão do momento é a de construir o futuro.

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