O amor passional do jovem (parte 2/2)

Por Luiz Xavier | 02/11/2021 | Tempo de leitura: 2 min

Baixa autoestima leva à idealização do parceiro amoroso
Não deixo de associar essa idealização principalmente a uma autoestima frágil, que faz com que esse parceiro(a) seja visto(a) como alguém imprescindível para que a vida tenha perspectiva futura. É essa idealização que faz o outro se tornar o centro da vida desse jovem. Ou seja, temos aí uma relação de codependência.
É importante observar que modelos familiares com pouca proximidade de convivência, ou pouco afetivos ou acolhedores, podem ser bastante comuns a essas vivências de relacionamentos intensos e tão dependentes que muitas pessoas apresentam. É muito comum encontrarmos relacionamentos desse perfil na adolescência, mas não raro encontrar essas paixões despertarem na vida universitária.
Quando esse tipo de relacionamento intenso e idealizado vive um rompimento por insatisfação de uma das partes, poderemos ter o surgimento de comportamentos preocupantes.
Frequentemente esse rompimento ocorre porque uma das partes busca uma relação mais leve, sem cobranças. É comum que essas relações muito idealizadas tenham possessividade ou a ingênua ideia que namorar é ‘fazer tudo junto’. Isso sem muito espaço para viver as individualidades ou porque deseja buscar conhecer outras pessoas, viver outras experiências, aventurar-se: desejo bastante frequente e inteligível entre jovens. Além do mais, esses períodos de cursinho, universidade e primeiro emprego permitem ampliar o leque de relacionamentos.
O amor passional do jovem: comportamentos preocupantes
Os comportamentos preocupantes podem ir da vivência de uma tristeza pela perda acompanhada de ‘reclusão’. Isso pode se tornar um longo e doído processo de reflexão, tristeza e refazimento de metas, ou de um comportamento impulsivo de saídas, festas, transas, abuso de álcool e drogas. Está imbuída nessa atitude uma tentativa de recuperar com urgência experiências não vividas no período de namoro ou de experimentar vivências pelas quais se sentiu trocado(a). Ou pode levar a reações mais intensas de que romper esse relacionamento signifique a perda total de sentido no projeto de vida. Assim, pode-se chegar a processos depressivos mais intensos, casos de autoagressão e tentativas de suicídio.
O medo da solidão, o sentimento de rejeição vivido por muitos jovens em suas famílias devido à orientação homossexual. Ou então por diferenças outras, de aspiração profissional (não serei advogado, ou médico ou engenheiro como pai, mãe, avô); de estética (por se sentir o ‘patinho feio’ da família - vivido por muitos jovens). Ou então um sentimento de inadequação nos ambientes escolar e profissional podem ser fatores que geram forte sensação de desproteção ou falta de apoio para pensar em caminhos e metas pessoais. Isso tudo pode gerar atitudes desesperadas de medo ou de dor existencial.

Portanto, todos fiquem atentos a mudanças de comportamentos muito intensas: triste demais, quieto demais, agressivo ou eufórico demais. Percebeu mudanças significativas? Abra espaço para o outro falar, se coloque disponível, mostre que percebeu a mudança, que ele(a) é visto, notado e que tem sempre um espaço novo, uma pessoa nova, um sonho novo a ser descoberto na vida, no mundo!

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