Como percebemos a vida

Por André Sallum |
| Tempo de leitura: 3 min

Qualquer fenômeno da vida pode ser considerado sob múltiplos olhares, desde o mais superficial e imediato até o que percebe realidades profundas, além das aparências, das circunstâncias e dos fenômenos externos.
Um dos ensinamentos fundamentais das religiões é o reconhecimento dos seres como espíritos, temporariamente habitando o mundo material. Essa concepção poderia ser suficiente, se bem compreendida e experimentada, para mudarmos o modo como encaramos pessoas e circunstâncias. Considerar cada ser na sua essência significa reconhecer-lhe os atributos divinos, ainda quando não plenamente manifestos. Saber que todos trazem no âmago a divindade e que esta pode se expressar na vida exterior muda o modo como consideramos muitos fatos e circunstâncias da vida. Um dos propósitos das religiões e das propostas espiritualistas é justamente reconhecer o divino que há em cada ser, evocando-o para que se manifeste cada vez mais livre e plenamente, o que, segundo tais ensinos, é o objetivo essencial da vida humana.
Quando se busca a realidade essencial de cada ser, se é levado a reconhecer as qualidades positivas que todos possuem, mesmo que em muitos ainda se encontrem latentes ou incompletas. Com tal atitude positiva deixa-se de reforçar padrões negativos que se apresentam, evitando fortalecer ou intensificar o que precisa ser dissolvido ou superado. Reafirmar e reconhecer a essência divina de cada pessoa, com isso colocando energia nos seus aspectos mais puros, saudáveis e luminosos, evocar essa realidade e conectar-se com ela é uma forma de permitir que energias curativas, purificadoras e libertadoras possam atuar.
Nos momentos que estamos vivendo, de tantas crises, turbulências e desafios, torna-se necessário um olhar mais abrangente e sutil, que consiga contemplar o que está além das formas. Essa compreensão obviamente não exclui a clara percepção de disfunções e desarmonias mas, ao contrário, vai além delas, procurando perceber que são necessários movimentos transformadores e purificadores com vistas a uma nova e melhor realidade planetária ou aspectos negativos que o tempo se encarrega de transformar, que a vida, aos poucos, sabe corrigir. Essa conscientização, além de possibilitar a colaboração nas transformações necessárias, favorece a manifestação de energias elevadas, as quais se encarregam de resolver da melhor maneira possível questões que, na dimensão material, seriam insolúveis. Conscientizar-se e valorizar a natureza essencial, divina de cada ser permite que o seu melhor se expresse e floresça, que transformações positivas ocorram, que ilusões e bloqueios sejam dissolvidos. Necessário se torna não confundir esse olhar profundo e essencial com a negação dos fatos, caso em que não se deseja encarar os problemas que precisam ser solucionados.
Colocar demasiada atenção e energia naquilo que é negativo apenas o reforça e alimenta, ao passo que valorizar o positivo, por mais incipiente e insignificante que pareça, promove seu fortalecimento, sua gradual e crescente manifestação. Tal atitude pode ser vivenciada em relação a nós mesmos, aos outros, às relações humanas, aos grupos sociais e ao planeta como um todo. Renovar nosso olhar, enxergar além das aparências e do momento pode nos ajudar a transitar pela difícil época atual com maior serenidade, otimismo e alegria, contribuindo para que o processo de purificação e transformação do planeta e dos seres que nele habitam seja o mais harmonioso possível.

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