O fracasso dos Estados Unidos sob Biden

Por Érica Gorga | 30/08/2021 | Tempo de leitura: 3 min

Um mês antes do Talibã tomar o controle do Afeganistão, o presidente americano Joe Biden havia declarado que em nenhuma circunstância pessoas teriam que ser resgatadas de lá, tal era a confiança na política externa e na diplomacia americana sob a sua direção. A fixação de Biden era comemorar os 20 anos do ataque terrorista de 11/09/2001 às torres gêmeas do World Trade Center em Nova Iorque com suas tropas de volta ao território americano, para cumprir sua promessa de campanha eleitoral.

Assim, Biden, por sua conta e risco, desacreditou os pareceres dos serviços secretos americanos e os generais mais graduados do seu próprio Exército, que diziam que o Talibã poderia retornar ao poder, em caso de retirada das tropas.

Hoje, o mundo assiste atônito ao desenrolar dos acontecimentos no Afeganistão e questiona o que exatamente o presidente americano achava que poderia “comemorar” no próximo 11/09/2021: a volta do terror ou as declarações de vitória dos terroristas?

Viralizaram cenas da população afegã absolutamente desesperada para sair do país, que muito mais rapidamente do que o previsto, foi tomado à força pelo grupo terrorista islâmico do Talibã. Trata-se do grupo de discípulos de Osama Bin Laden, o próprio mentor do ataque terrorista às torres gêmeas de Nova Iorque, grupo esse que promove terrorismo, especialmente contra mulheres e meninas, impedidas de trabalhar e até de frequentar a escola segundo as suas regras.

Os diplomatas americanos fugiram acuados, queimando documentos oficiais, após cerca de 20 anos em guerra contra os terroristas. Biden não foi capaz de assegurar nem a retirada de milhares de americanos nem a proteção de milhares de afegãos aliados que auxiliaram os Estados Unidos. Na prática, Biden traiu seu próprio exército e seus aliados. A imprensa americana comenta que o presidente demonstra insegurança nos discursos, sequer respondendo às perguntas sobre quando os americanos presos no Afeganistão voltarão às suas casas. Cidadãos americanos estão sendo barrados no caminho do aeroporto e cruelmente assassinados. A Casa Branca admite que não sabe quantos americanos estão no país (fala-se em milhares) e que alguns podem ficar para trás. O Talibã publicamente rejeitou ampliar o prazo de saída, impondo à maior potência mundial grave humilhação. Trilhões de dólares investidos pelos governos americanos anteriores foram perdidos.

A fraqueza da política de Biden muda completamente a geopolítica global. Os extremistas do Talibã já contam com o reconhecimento da China e da Rússia, países com sistemas totalitários de poder e supressão das liberdades individuais.

Não é despropositado afirmar que o Afeganistão se tornará celeiro de novos terroristas para todo o mundo, pois já atrai os grupos armados mais extremistas, que comemoram agora a derrota avassaladora dos americanos. O ataque terrorista do homem-bomba nos arredores do aeroporto de Cabul deixou cerca de 200 mortos, entre eles 13 militares dos Estados Unidos, que não tinham um número tão grande de baixas em um só dia desde 2011. Estarão os americanos seguros de novos ataques terroristas? Estará a Europa segura? E os demais países ocidentais como o Brasil?

É inacreditável que o país de Roosevelt, vencedor da segunda guerra mundial e bastião do paradigma do estado liberal e democrático de direito tenha contribuído desta maneira para fazer crescer a força de governos totalitários, por meio de seu atual presidente, com graves consequências para todo o mundo ocidental, protagonizando um dos maiores fracassos militares e geopolíticos da História moderna.

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