Cidade era chamada de “Constituição” antes de iniciativa do primeiro presidente civil do Brasil, Prudente de Moraes
Com uma população de 407.252 habitantes segundo dados de 2020 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Piracicaba foi fundada em 1767 como uma povoação, elevada à categoria de vila e, depois, constituição, antes de ser considerada a cidade com o nome no qual a conhecemos, o que aconteceu após petição do homem que se tornaria o primeiro presidente civil do Brasil, Prudente de Morais.
De acordo com documentos do IPPLAP – Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba, o povoado de Piracicaba, termo da Vila de Itu, foi fundado em 1° de agosto de 1767. Em 21 de junho de 1774, a povoação constitui-se em Freguesia, com uma população estimada em 230 habitantes e, assim, foi separada de Itu.
A encadernação “Memória da Povoação de Piracicaba”, transcrito pela arquivista do setor de Gestão de Documentação e Arquivo da Câmara de Vereadores de Piracicaba, Giovanna Fenili Calabria, em documento lavrado pelo Capitão Mor da Vila de Itu, Vicente da Costa Taques Goés e Aranha, e assinado pelo Frei Thomé de Jesus, pelo povoador Antonio Correa Barbosa, pelo capitão João Fernandes da Costa, pelo mestre entalhador e arruador Miguel Fernandes Paes Soares, e pelo povo de Piracicaba, em 30 de julho de 1784, é registrada a história da povoação de Piracicaba, desde sua povoação em 01 de agosto de 1767 até a sua mudança de margem do rio e delimitação em 1784. Nele consta que “A Povoação de Piracicaba têm este nome do Rio denominado Piracicaba, que rega o seu terreno e Piracicaba é um nome gentílico, que no idioma português significa peixe que chega ou lugar aonde chega o peixe.”
Em 1784, Piracicaba foi transferida para a margem esquerda do rio, logo abaixo do salto, onde os terrenos favoreciam sua expansão. A fertilidade da terra atraiu fazendeiros, que ocasionaram em disputas. Essa transferência se trata de uma carta redigida em 30 de julho daquele ano, que foi enviada pelo então Governador e Capitão-General da Província de São Paulo, Francisco da Cunha Meneses, ao Capitão Mor da Vila de Itu, Vicente da Costa Taques Goés e Aranha.
Entre novembro de 1821 e agosto de 1822, foi elevada à categoria de Vila e nomeada como Vila Nova da Constituição. Ainda segundo, Giovanna Fenili Calabria, não há registros históricos que justifiquem a escolha do nome. Em 24 de abril de 1856, Vila Nova da Constituição foi elevada à categoria de Cidade, com o nome de Constituição, preservado.
Em 07 de setembro de 1864, aos 22 anos de idade, Prudente de Moraes foi eleito vereador na cidade de Constituição, após ter iniciado a carreira de advogado em um escritório montado em sua residência (na rua Santo Antonio, onde hoje funciona o museu que leva seu nome), tendo sido o candidato mais votado - –com 420 votos––, tornou-se presidente da Casa de Leis, sendo a posse no ano de 1865. Prudente era conhecido como defensor do abolicionismo e do livre culto.
A mudança do nome da cidade de Constituição para Piracicaba derivou de uma iniciativa dele, uma petição. Uma ata de sessão de 1877, presente no acervo do Departamento de Documentação e Arquivo da Câmara de Vereadores de Piracicaba, consta que “[…] muito mais conhecida pelo nome antigo de Piracicaba do que pelo nome oficial de Constituição, prova de que este nome […] não foi aceito pelo povo […] razão suficiente para que se lhe restitua o nome primitivo e tão conhecido”, o que resultou em uma lei aprovada pela Assembleia Provincial (atualmente Assembleia Legislativa) de São Paulo, no mesmo ano.
Até o ano de 1889, Prudente de Moraes elegeu-se vereador e deputado provincial – atual deputado estadual – cargos que podiam ser acumulados na época. Assumiu a administração do Governo Provisório do Estado de São Paulo. Em dezembro daquele ano, foi nomeado governador paulista e exerceu o mandato por 11 meses, período em que fundamentou a supressão do ensino religioso na separação entre Igreja e Estado. Ele também conquistou as vagas de senador constituinte, em 1890.
Em 1897, como presidente da República, um dos principais conflitos de seu governo foi a conhecida Guerra de Canudos, ocorrida no Nordeste. Prudente de Moraes morreu em 3 de dezembro de 1902, aos 61 anos. Em seu testamento, deixou escrito que gostaria de ser sepultado no Cemitério da Saudade, em Piracicaba. Seu jazigo está na rua 1, quadra 5 do cemitério.
MEMORIAL PRUDENTE DE MORAES
Patrono do prédio principal da Câmara de Vereadores de Piracicaba, onde exerceu funções legislativas, o político ituano Prudente de Moraes Barros (1841-1902) tem sua história e legado lembrados em um memorial. O espaço fica no hall do Salão Nobre Helly de Campos Melges, localizado na rua Alferes José Caetano, 834, Centro.
Laís Seguin
lais.seguin@jpjornal.com.br
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