Quanto mais reza, mais assombração aparece

Por André Sallum | 20/08/2021 | Tempo de leitura: 3 min

Quando alguém decide imprimir novo rumo à própria vida, rompendo padrões de conduta não saudáveis, ou se propõe libertar-se de condicionamentos e vícios, o ditado popular acima parece revelar-se com veemência. Aos primeiros esforços de autotransformação, misteriosas forças contrárias emergem, obstáculos aparecem e problemas parecem se multiplicar. Ao se empenhar na melhora de si mesmo e ao buscar ajuda para consegui-lo, o indivíduo passa a reconhecer-se diante de inúmeros empecilhos, entraves e desafios que não imaginava existirem.

O processo de aprimoramento espiritual naturalmente passa pela ampliação da sensibilidade e da percepção, que fazem com que se reconheçam realidades até então despercebidas, inclusive as que se mostram desarmônicas, necessitadas de integração e cura. A ampliação da consciência e a decorrente lucidez permitem ao ser enxergar aspectos de si mesmo e da vida até então desconhecidos.

Quando a pessoa se propõe uma vida mais plena e livre, mobiliza resistências, tanto suas (inconscientes) quanto alheias, as quais se opõem aos impulsos evolutivos, procurando mantê-la presa a vícios, atitudes comodistas e materialistas que satisfazem o ego, perpetuam e alimentam estados e relacionamentos desarmônicos.

Geralmente, quando alguém busca práticas curativas e libertadoras, é porque está passando por dificuldades e aflições e já se encontra fragilizado e vulnerável, condição que passa a reconhecer com maior clareza ou sentir de modo mais intenso. Ao defrontar aspectos sombrios de si mesmo e de situações externas – o que se mostra desafiador e, às vezes, ameaçador –, é importante perseverar nos ideais elevados e na renovação da conduta até que a situação melhore e os bons resultados surjam.

As “assombrações”, quando aparecem – sejam perturbações psíquicas (ostensivas ou ocultas), problemas externos, obstáculos ou crises –, são o reflexo do que trazemos dentro de nós, as quais precisam ser reconhecidas, enfrentadas e curadas. Os fantasmas exteriores revelam nossas sombras internas – áreas das quais precisamos tomar consciência e que devemos transformar.

Quando o ser reconhece estar diante de situações adversas, parece-nos importante e oportuno que reconheça a mensagem que trazem, a lição implícita e a proposta transformadora subjacente, a fim de que possa acrescentar à própria biografia novos capítulos, mais belos e felizes. Se a pessoa, após se decidir por algo que considere correto, tiver perseverança e paciência, sentirá cada vez maior bem-estar, harmonia e satisfação pelos resultados positivos. Isso traz força e renovação interiores, apesar dos desafios e obstáculos, que são superados, um a um. Essa confiante entrega ao processo autotransformador evoca energias novas, promove alegria interior e motivação para se prosseguir no empreendimento enobrecedor.

Os frutos da autotransformação e do esforço no bem nem sempre amadurecem rapidamente, daí a necessidade de serenidade e paciência diante de aparentes insucessos, bem como persistência na conquista da autorrealização.

Ninguém precisa temer os “fantasmas”, exteriores ou internos, que porventura apareçam no decorrer da jornada existencial, pois nenhum mal podem nos causar, a não ser revelar o mal que ainda existe em nós, o que não deixa de ser positivo, já que evidenciam nossa necessidade de purificação, educação e cura interior, a fim de que manifestemos de modo cada vez mais pleno nossos potenciais divinos.

LEIA MAIS

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.