BATALHA DE PELUSA

Por José Faganello | 21/07/2021 | Tempo de leitura: 3 min

“Nenhuma batalha… desenrola-se como previam aqueles que armam os planos”. (Tolstoi)

Samuel Johnson, crítico literário, ensaísta, poeta e lexicógrafo inglês, em Rembler nº 3, nos deixou: “A tarefa de um autor é ensinar o que não é sabido, ou recomendar verdades conhecidas, tornando-as mais belas, seja para permitir que uma luz ilumine a mente, abrindo a perspectiva de novas cenas, ou para variar a aparência e a situação de objetos comuns, a fim de lhes conferir nova graça e atrativos mais marcantes, espalhar flores sobre regiões que o intelecto já percorreu, para que ele seja tentado a retomar e rever coisas pelas quais passará às pressas ou de modo negligente”.

A tarefa de um autor, portanto, é uma árdua batalha para dominar os vocábulos e fazê-los exprimir pensamentos de uma forma harmoniosa e clara, capaz de envolver o leitor, mas como bem disse Tolstoi, as batalhas não se desenvolvem conforme os planos.

Minha batalha hoje é atender um pedido de minha filha Célia que está lecionando na distante Bahia, ama animais e pediu-me para escrever sobre a batalha de Pelusa.

Cony confessou não ter conseguido até agora escrever sobre as Guerras Púnicas, idéia fixa não concretizada.

Esse pedido tem um duplo motivo, saber como foi a batalha e apelar para que os sádicos que maltratam gatos ou outros animais revejam seus conceitos e, se deles não gostam não os hostilizem.

O que os gatos têm com a batalha de Pelusa?

Supõe-se que por volta do ano 4.000 a.C., o gato tenha sido domesticado pelos egípcios e convertido em caçador, pescador e, especialmente, rateiros, pois os ratos tornaram-se uma praga para a agricultura e os grãos armazenados. Essa função fez o gato conquistar o respeito e a admiração, finalmente, a ser um deus tutelar da família.

A deusa Bastet, deusa do amor, possuía cabeça de gata e era símbolo da feminilidade, da flexibilidade, sensualidade e maternidade. Os sacerdotes dessa deusa observavam os mínimos gestos dos gatos do gatil sagrado, interpretando-os como augúrios. Quando morriam eram embalsamados. No século 19 foram descobertas milhares de múmias deles. Infelizmente essas múmias não despertaram interesse e acabaram sendo vendidas como fertilizante, mas há algumas no Museu do Louvre, em Paris.

Osíris, o deus das colheitas, que recordava o Sol, também foi simbolizado pelo gato. Dessa forma, o gato tornou-se simultaneamente símbolo lunar e solar. Heródoto e Plutarco propuseram algumas explicações: as variações da pupila do gato estavam relacionadas com as proporções da altura do Sol; o amor da gata pela Lua; a atividade noturna, seus olhos fosforescentes à noite e a variação do diâmetro das pupilas recordavam as fases da lua.

O gato assumiu um lugar de tal importância no seio das famílias que quando morria, todos os membros raspavam as sobrancelhas em sinal de luto. Em caso de incêndio, procuravam salvar primeiro os gatos.

Quanto a batalha de Pelusa não há muito a falar. Com a morte do faraó Almés II, seu filho Psamético III assumiu o trono e nele permaneceu apenas seis meses.

Cambises, sucessor do rei Persa Ciro, invadiu o Egito e a batalha decisiva aconteceu em Pelusa. Os egípcios com insuficiente e inferior armamento, somando-se a inexperiência do faraó foram massacrados; 50 mil egípcios mortos e apenas 7 mil persas.
Cambises, conhecedor da veneração dos egípcios pelos gatos, ordenou que eles fossem amarrados nos escudos, assim como colocaram a imagem da deusa Bastet; isso fez com que os soldados egípcios titubeassem em golpear os invasores.

Cambises teria se ferido com a ponta de sua adaga ao subir em seu cavalo, para retornar à Pérsia, afim de sufocar uma rebelião; castigo divino, morreu de infecção.

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