Rosângela Camolese é educadora
Poucas pessoas chegam aos 90 anos com a energia e a lucidez de Fernando Henrique Cardoso. Decidi escrever sobre ele, porque sou das que acreditam que as homenagens mais verdadeiras, são aquelas prestadas em vida e a vida de FHC merece ser enaltecida, como um exemplo de espírito público e de vigor democrático, tão ameaçado nos últimos tempos.
Apesar de ter nascido no Rio de janeiro, foi em São Paulo que o sociólogo Fernando Henrique se notabilizou como acadêmico da Universidade de São Paulo, onde se tornaria mais tarde professor emérito. Sua visão de sociedade, influenciada por mestres como Florestan Fernandes e Roger Baptiste, dos quais foi assistente, lhe custou a liberdade, sendo forçado a viver no exílio durante o auge da ditadura militar, acusado de ser “subversivo”.
No Chile, junto com dona Ruth Cardoso e os filhos ainda pequenos, FHC viveu por três anos, lecionando na Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais e na Universidade do Chile. Depois foi convidado a integrar o corpo de docentes da Universidade de Paris-Nanterre, na França, onde provavelmente sua inquietude e seu apurado senso de justiça social tenham refinado ainda mais o seu olhar por um Brasil menos desigual.
Em 1968 volta ao Brasil para assumir a cátedra de Ciência Política na Universidade de São Paulo, mas o AI-5 o aposentou compulsoriamente. Dez anos depois, torna-se suplente do senador Franco Montoro (MDB) o qual, ao vencer as eleições para o Governo de São Paulo, deixa a vaga para que FHC inicie um trabalho virtuoso no Senado da República.
Ao fundar o PSDB no dia 25 de junho de 1988, Fernando Henrique efetivamente entra para a história da política brasileira, criando um dos mais representativos movimentos sociais, sem radicalismos, que se tem registro no país. Um partido político que promoveu e ainda promove importantes transformações nas cidades, nos estados e na nação brasileira, com a estabilidade econômica, a retomada do desenvolvimento, o fortalecimento da indústria, a retomada do emprego e, o mais importante, a liberdade de expressão plena.
Fernando Henrique Cardoso é grandioso também pela sua genialidade como escritor e pelo seu equilíbrio intelectual. É capaz de virar manchetes de jornais e viralizar nas redes sociais apenas com um gesto simbólico ou uma frase de efeito. Um grande personagem vivo da nossa história, que sabe ser humilde o bastante para reconhecer erros e aceitar críticas, mesmo com toda a sua sabedoria e experiência política e de vida.
Sim, sou sua fã, e de carteirinha, não apenas por comungar de seus ideais partidários, razão pela qual me filiei e me elegi vereadora pelo PSDB, mas porque, como educadora assim como ele, reconheço que a educação é o único caminho para se construir uma nação soberana.
Neste 33º aniversário do PSDB, comemorados em 25 de junho, data que quase coincide com os 90 anos deste grande personagem da política brasileira, quero expressar a minha homenagem aos seus ideais e a todos os tucanos que levaram para os quatro cantos desse imenso país, os princípios democráticos, de justiça social e de desenvolvimento econômico que marcaram uma era primorosa para o Brasil.
Um brinde à lucidez, ao vigor e à sabedoria de Fernando Henrique Cardoso! Obrigada por estar vivo, obrigada por nos manter vivos na esperança de um país melhor, como nos bons tempos.
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