Nova Terra

Por Marisa Bueloni |
| Tempo de leitura: 3 min

Fui visitar uma cidade, um lugar maravilhoso, chamado Nova Terra. Pomares a perder de vista, era só estender a mão e apanhar o fruto. Pessoas sentadas debaixo do arvoredo, temperatura amena e agradável. Havia um sol suave, cuja luz não se apagava nunca. O céu era de um azul puríssimo e, às vezes, mudava para um róseo encantador.

Aproximei-me das criaturas à sombra das mangueiras, perguntei se elas não dormiam e se não havia noite. Não. Noite não havia, mas quem quisesse podia descansar. Olhei em volta e vi cadeiras de balanços feitas de plumas. Falei que gosto de balanço de corda e, imediatamente, pendeu de uma das árvores um destes, feito da mais bela poesia. As cordas trançadas de flores diversas, o assento de almofada fofa.

Disse que não precisava tanto, bastava uma tábua de madeira, a corda comum, mas alguém me respondeu que lá tudo era assim, feito de sonho e beleza. Meus olhos percorriam o lugar, e o ar me faltava a cada nova visão. Para qualquer parte que eu olhasse havia algo sublime, jamais imaginado pelos nossos pensamentos ou pela nossa imaginação.

Ah, as fontes de águas vivas! Era para lá que eu me dirigia agora, andando se me cansar. Um banho naquelas cachoeiras e estava garantida a juventude eterna.

Os relvados não tinham fim, animais brincavam com os viventes, num convívio pacífico e harmonioso. O leão comia palha com o boi, as feras da terra faziam companhia aos homens e um tigre se aproximou de mim. Passei a mão sobre o seu pelo lindo e ele se deitou perto dos meus pés.

Meus pés pisavam este solo chamado Nova Terra, mas eu não podia compreender de onde vinha a música maviosa, as vozes angelicais. Doçura, suavidade, canto de delícias. Pedi licença ao tigre para ver o que estava acontecendo mais adiante, onde uma mesa era posta. Um banquete magnífico, dos mais finos manjares.

Uma pessoa ao meu lado disse que ali não havia fogão. Que tudo se fazia pronto, conforme a vontade de cada um. Os convivas foram chegando, tomando assento e seres vestidos de dourado os serviam. Havia uma conversa amorosa entre eles, levantavam as taças e brindavam à Nova Terra.

As vestes de todos eram longas, de puro linho branco, alvas e brilhantes como a luz que jamais se apaga. Não cansa esse sol que não perde sua luminosidade nunca? Não! Era a Luz tão esperada! Era a Luz que dissipou as trevas! Era a Luz do Dia Eterno, a Plena Visão! Era a Luz que brilharia para sempre.

A Nova Terra estava repleta das mais belas flores e das mais coloridas aves. Nada se confundia naquele esplendor. Tudo fazia sentido, cada criatura sabia sua função no tempo e no espaço, cada um conhecia o seu canto, o lugar aprazível, a porção bendita, medida pela corda da justiça divina.

Aos poucos, todos se recolhiam às suas moradas. De onde elas surgiram? Quem as construiu? Dentro dos aposentos havia paz e felicidade. Sem portas nem janelas, as passagens eram abertas e livres, como um convite a todo ser bem-vindo. Bondade e misericórdia estavam inscritas em cada pedra do chão cravejado de brilhantes.

Por um átimo de tempo estive na Nova Terra. Um sonho que espero se repita. Olhos não viram, ouvidos jamais ouviram, o coração humano não sabe o que está reservado aos que amam o Senhor.

Ó, Jerusalém celeste! Ó, cidade que desceu dos céus!…

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