Desde 1950, em 8 de maio, o Brasil comemora o Dia do Artista Plástico. Uma homenagem aos que colocam nas telas as cores do cotidiano, dão vida a blocos de pedra e madeira e, com o advento da tecnologia, trazem arte, cor e beleza em diferentes espaços e suportes. Ao interpretar sonhos e realidade com criatividade e talento, tornam nossa vida mais amena e bela. A data marca o nascimento de José Ferraz de Almeida Junior, um ícone que tem forte ligação com a cidade. Considerado criador do Realismo Brasileiro, nasceu em Itu, em 8 de maio de 1850. Ainda criança, sente o despertar da vocação e desenha com carvão, a igreja onde era sineiro. Pela pouca idade e maravilhoso dom, sua arte passa a ser admirada pela região. Aos 19 anos, pinta a obra Apóstolo São Paulo, despertando o entusiasmo do padre Miguel Correa Pacheco que faz uma vaquinha para matriculá-lo na Academia Imperial de Belas Artes, onde foi aluno de grandes mestres. Ao terminar o curso recebe Medalha de Ouro pela tela Ressurreição do Senhor. O prêmio era uma viagem à Europa. Ele que mal conseguia manter-se no Rio de Janeiro, declina e volta para Itu. Em 1875, inaugurando a Estrada de Ferro Mogiana, o Imperador Pedro II, deslumbra-se com o retrato de Visconde de Parnaíba, conhece o autor e se oferece para custear seus estudos na Europa. Almeida Junior embarca para França em 1876. Torna-se aluno de Alexandre Cabanel e ganha notoriedade internacional ao participar de salões em Paris e Roma.
Retorna ao Brasil em 1882, instala seu atelier na paulistana Rua da Glória e passa a retratar figuras da sociedade. Tempos depois, sua obra se afasta dos temas religiosos e foca o povo, em particular o caipira com o qual conviveu e volta a conviver pintando em fazendas da região de Piracicaba. Uma das primeiras telas dessa fase, Caipira Negaceando, está no acervo do Museu Nacional de Belas Artes e o célebre Caipira Picando Fumo, na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Pode ter sido nesse período que tem início sua história de amor com Maria Laura do Amaral Gurgel, casada com seu primo, José de Almeida Sampaio, fazendeiro em Rio das Pedras que, sem saber da relação, hospeda-se em São Paulo na casa do pintor, onde descobre um pacote de cartas de amor. Era dia 11 de novembro de 1899. Ele telegrafa para a esposa, pedindo que o espere, no dia 13 de novembro, à porta do Hotel Central, em Piracicaba. Naquela tarde, Sampaio vê a esposa, os filhos e a irmã chegando ao hotel, com Almeida Júnior. Conta-se que ele se aproxima e desfere uma punhalada. O pintor cambaleia e cai na calçada, sendo atendido pela desesperada Maria Laura. “Estou morto…” foram suas últimas palavras. Almeida Júnior está sepultado em um mausoléu no Cemitério da Saudade. José Sampaio, defendido pelo brilhante Francisco Morato, foi absolvido pela tese de legítima defesa da honra. Exaltando esse grande artista, no início do mês de maio, há 23 anos, a Apap, Associação Piracicabana de Artistas Plásticos, promove a Mostra Almeida Junior, agora em formato virtual, aberta à visitação pelos próximos dois meses, no endereço emaze.me/mostravirtualalmeidajunior. Esta edição traz 96 obras de 39 artistas da cidade e região, selecionadas entre 130 trabalhos recebidos. É Piracicaba, mais uma vez, trazendo ao público, agora com acesso on-line, relevantes representações da sua histórica trajetória nas artes plásticas. Salve os artistas plásticos!
Imagem: freepik
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