São Paulo: 18º lugar na gestão da pandemia

Por Érica Gorga |
| Tempo de leitura: 3 min

No último fim de semana, o estado de São Paulo ultrapassou a casa de 100.000 mortes por covid-19, sendo a unidade da federação brasileira que, disparadamente, apresenta maior número absoluto de óbitos acumulados do país.

Considerando que São Paulo é o estado mais populoso da federação, poder-se-ia, então, argumentar que a análise do número relativo de mortes por número de habitantes colocaria São Paulo em melhor situação quando comparado ao desempenho de outros estados nesse quesito.

Ocorre que, na análise das mortes por coronavírus no Brasil por 100 mil habitantes, São Paulo ocupa a décima pior posição entre as unidades federativas que mais têm óbitos, ficando atrás apenas de Amazonas, Rondônia, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Espírito Santo, Roraima, Rio Grande do Sul e Goiás, que, nessa ordem, são os campeões de casos fatais registrados, segundo informações datadas de 10/5 do Painel Covid-19, disponibilizadas no site Congressoemfoco.uol.com. br/covid19.

Assim, é de se questionar, para um governo que o tempo todo alardeou aplicar a “ciência” para salvar vidas, como São Paulo pode apresentar registro de mortes tão elevado quando comparado a outros estados do país. Afinal, São Paulo, como se sabe, é o estado com o maior PIB per capita da federação e que dispõe da maior riqueza em capital humano e científico do país.

Por isso, considerando a importância do estado, é de se lamentar a apresentação de resultados tão vexaminosos que colocam São Paulo na 18ª colocação, dentre as 27 unidades da federação (26 estados mais Distrito Federal), no que tange à gestão para evitar casos fatais na pandemia. Dito de outra forma, São Paulo possui desempenho pior que 17 outros estados da federação, cujos governadores não se gabaram o tempo todo de aplicar a “ciência” para o combate da covid-19.

É forçoso reconhecer que os números mostram que a gestão da pandemia até aqui não faz jus ao discurso alardeado pelo governador, como se fosse salvar as vidas dos paulistas, ao adotar políticas de combate ao vírus que arrasaram a economia do estado mais pujante da nação. O governador do estado teve total e irrestrita autonomia, assegurada pelo Supremo Tribunal Federal, para adotar as estratégias que julgou serem as mais adequadas para navegar nesta terrível tempestade. Mas, ao que tudo indica, navegou e afundou o barco.

Pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva, com base nos dados do IBGE, mostrou que 4,9 milhões de pessoas deixaram de compor a classe média durante a pandemia somente em 2020, passando a viver em estado de pobreza e até de miséria. O estrato social intermediário, responsável pelo progresso dos países desenvolvidos, representa agora menos da metade da população brasileira.

É o que podemos chamar de “genocídio” da classe média, especialmente da paulista, para onde nos conduziu a política de terra arrasada na economia para supostamente salvar as vidas que, na realidade, foram perdidas. É preciso que os paulistas exijam prestação de contas de como chegamos a esse resultado: combinação perversa de excesso de mortes e de fechamentos das atividades econômicas, que colocaram São Paulo à venda em praticamente todas as esquinas.


Imagem: prostooleh

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