As pessoas, cujo desejo é unicamente a auto realização nunca sabem para onde se dirigem. Não podem saber. Numa das
acepções da palavra, é obviamente necessário, como o oráculo grego afirmava, conhecermo-nos a nós próprios. É a primeira realização do conhecimento, mas reconhecer a alma de um homem é incognoscível e a maior proeza da sabedoria. O derradeiro mistério somos nós próprios. Depois de termos pesado o Sol e medido os passos da Lua e delineado minuciosamente os sete céus, estrela a estrela, restamos ainda nós próprios. Quem poderá calcular a órbita da sua alma?” (Oscar Wilde, in ‘De Profundis’).
A alma e o coração costumam ser usados para permitir que expressemos sentimentos que se nos afiguram indizíveis ou que atingem profundamente nosso âmago, ou seja, nossa alma.
Ainda jovem, ao ler sobre a destruição da Biblioteca de Alexandria, senti um abalo indescritível, como se tivesse perdido um ente querido. Não sei hoje explicar o porquê, após tantos anos conjecturo que foi por amar demais os livros e saber que essa catástrofe destruiu importantes obras sobre geometria, trigonometria e astronomia, assim como sobre idiomas, literatura e medicina, além de
ter sido, segundo reza a tradição, o local em que 72 eruditos judeus traduziram as escrituras para o grego, produzindo a famosa septuaginta.
Entre os grandes nomes da Alexandria antiga que tiveram parte de suas obras destruídas, cito: Euclides, o pai da geometria e o pioneiro no estudo da ótica; Aristarco de Samos, astrônomo, o primeiro a presumir que os planetas giram em torno do Sol e a usar da trigonometria para calcular a distância do Sol e da Lua e o tamanho deles; Calimaco, poeta e bibliotecário grego, compilou o primeiro catálogo da biblioteca, ocupando 120 rolos de papiro; Erastóstenes polímata (conhecedor de muitas ciências) calculou a circunferência da Terra com razoável exatidão. Há muitos outros, citei alguns, para, acredito, entender hoje o motivo da angustia que senti. Mais tarde na faculdade descobri que havia várias versões sobre esse desastre, de qualquer forma, o resultado é entristecedor para quem ama leitura, história e o saber.
Atualmente, ao ler blogs, tomo conhecimento de almas sangrando, corações partidos, outros delirando com improváveis amores à distância, sempre adiando o encontro.
Após longas esperas, embora ainda reservando um resquício de esperança, sentem-se como um navio a vela ao sabor dos ventos, frágeis ante as tempestades em suas almas envoltas pela solidão do mar e do céu sem estrelas.
Ninguém consegue calcular a órbita da própria alma e, não obstante os desenganos; basta surgir um novo aceno para se derreter em ternuras, extravasar-se em encantamentos, apaziguar sua alma e jurar que desta vez descobriu sua alma gêmea. Esse engodo virtual incrusta-se como um vício, uma doença sem cura, mas com o mérito de dar-lhe alento e sentido de viver, mesmo que efêmero.
A alma, como repositório de nossas emoções, está, portanto, intimamente ligada ao coração.
Antoine de Saint Exupéry disse: “só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”
A ciência, no entanto se intrometeu e transferiu os créditos do coração para um órgão pouco conhecido, o Timo. É uma pequena glândula. Seu nome em grego é Thýmos, significa energia vital. Ela é muito sensível às imagens, cores, luzes, cheiros, sabores, toques, sons, pensamentos e palavras.
Ideias negativas têm, sobre o Timo, mais poder do que vírus ou bactérias. Ideias positivas conseguem dele uma ativação geral, dando credibilidade à frase: “a fé remove montanhas”.
Atualmente há mais os sem fé do que crentes, com a Pandemia que está atacando toda parte do Planeta com um vírus terrível a destruição está sendo inimaginável.