“Quando o desejo de desejar é maior que o desejo”

Por Francisco Ometto | 26/04/2021 | Tempo de leitura: 2 min

O tema de hoje tem papel decisivo no destino dos seres humanos. Desejos são motores que impulsionam as atitudes humanas.
De Platão à Psicanálise,?passando pelo?Cristianismo,?Estoicismo e Hegel, o desejo sempre foi considerado um meio que nos direciona até algo que queremos.??
Observe, por exemplo, quando se pensa em dinheiro. Você pode ver nele o “ter” ou o “fazer”, ou seja, você pode querer possuir algo (casa, carro, bens, etc.) no sentido de ter, ou então você pode pensar no que “fazer” com o dinheiro, que pode ser uma experiência marcante como uma viagem, uma atividade específica, uma boa ação, etc.
Diante desses dois cenários, qual pode ter maior impacto sobre sua vida? Obviamente o fazer terá! Isso porque “experiências” sempre significarão mais que “pertences”. E você facilmente chegará a esta conclusão, recordando-se de momentos ou fases da sua vida e fazendo as comparações.
No entanto, vamos aprofundar mais um pouco isso, conectando o assunto a uma pergunta provocativa: “o que você quer para a sua vida?”Pense em três respostas (desejos). Faça esse exercício pessoal e depois continue a leitura.
Pois bem, analise agora suas respostas e consequentes reflexões que elas te proporcionaram. Comumente, as respostas se referem a desejos ligados a iniciar um curso ou atividade, conquistar um bom emprego, ganhar e acumular dinheiro ou bens, viajar, morar no exterior e aí por diante…
Veja que as respostas nos revelam focos estruturados nos desejos de ter ou fazer.
E, agora, lanço então a segunda pergunta provocativa, que paradoxalmente é uma reflexão que conduz à resposta da primeira: “neste contexto do ter e do fazer, onde colocamos o que queremos ‘ser’?”
Sempre que proponho esse exercício a alunos e pacientes, a maioria das respostas aponta que as pessoas querem (primeiro) executar movimentos para ganhar dinheiro, fazer coisas ou possuir bens - e colocam isso até como necessidade ou garantia para buscarem o “ser”.
Pense em pessoas realizadas e com qualidade de vida. Avalie e considere o que realmente proporciona qualidade de vida a elas e tenha uma surpresa quando observar o que elas colocam nos três desejos…
Dentre tantas analogias, vou citar uma. Você já deve ter visto ou ouvido falar sobre aqueles programas de TV ou de redes sociais que visam realizar sonhos transformando a aparência das pessoas ou então dando bens materiais. Vamos além… Como estarão essas mesmas pessoas depois de um bom tempo que “conseguiram” o que sonharam? Qual desejo estava no comando?
Pertences sempre perdem o valor, mesmo que sejam trocados por mais novos ou mais modernos. O corpo físico envelhece, os músculos enfraquecem, a beleza sucumbe.
O tempo é implacável e acabamos nos perdendo correndo atrás do que queremos ter, fazer, sempre deixando para depois o que queremos ser (para nós e para os outros). O problema é acordarmos tarde demais.
E não se esqueça: a única maneira de colocar o “ser” na base, e de forma eficaz, é se conhecendo muito bem!
“Se você não existisse, que falta faria?” (Mário Sérgio Cortella)


Imagem: user18526052

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