Cuidado com a Positividade Tóxica

Por Francisco Ometto | 22/03/2021 | Tempo de leitura: 3 min

Pensamentos geram emoções, que geram comportamentos. Este é o processo. Vamos além?Quem comanda isso é o cérebro e quem comanda o cérebro é você (pelo menos deve ser). Provo: você é agora o que pensou nas últimas horas, será amanhã o que está pensando hoje e assim por diante.

O problema é quando acontece uma manipulação neste processo e entramos numa zona de autoengano. Você já deve estar percebendo a relevância do tema desta semana e a positividade tóxica é, atualmente, uma das grandes ferramentas desta manipulação.

Almejar uma vida sem nenhum espaço para sofrimentos, tendo tudo o que se quer e regada a muitas fotos perfeitas nas redes sociais… Maravilha, não é? Felicidade plena? Pois bem,saiba que isso existe apenas na imaginação! (ou nas fotos). A todo momento ouvimos dizer que não devemos dar atenção ao sofrimento, nãodevemos pensar negativoe que podemos ter ou fazer o que quisermos, porque, se pensarmos positivo, vamos conseguir. Claro que é importante tudo isso, mas de forma equilibrada, com realismo e sensatez. Explico: encarar a vida como ela é e não como o completo mar de rosas que muitos pintam, é sábio. Lógico que ser positivo é uma coisa muito boa e que uma parte do que somos se deve a nós mesmos, às nossas escolhas e ao modo como lidamos com a vida. Porém, positividade tóxica é sinal de perigo. Apenas pensar positivo ou acreditar que a vida tem que ser maravilhosa não é prudente. Objetivos só se realizam com muito trabalho, etapas, dedicação; e isso não é rápido. E nem tudo será alegria! Existem coisas, aliás, a maioria, que não estão no nosso controle e tem sido assim desde que o mundo é mundo. A positividade tóxica exige que felicidade é obrigação e que, se você não está com um sorriso permanente no rosto, não está se divertindo ou fazendo o que a sociedade impõe como “felicidade”, você é um fracassado… E, infelizmente, estamos vendo muita gente adoecer, física e emocionalmente, por acreditar nisso!

Na verdade, o sofrimento é parte da vida e precisamos aprender a validá-lo.

Arthur Schopenhauer, importante filósofo alemão, disse: “Na maioria das vezes, assim como rejeitamos um remédio amargo, resistimos em aceitar que o sofrimento é essencial para a vida”. Se há uma coisa certa nessa nossa passagem por esta terra, é que o sofrimento nos acompanha desde o nascimento até a morte. A diferença está em dois pontos cruciais: 1) Não negar esse fato; 2) Entender e saber lidar com isso. Fácil? Não! Mas, libertador, porquequando negamos alguma dificuldade, só aumentamos a carga do sofrimento, com o agravante de estarmos (simplesmente) remando contra a maré,e piorando ainda mais a situação se nos debruçarmos sobre a dificuldade.

“Acordar” é o primeiro passo para uma vida ressignificada. Se você tem dificuldades, busque ajuda; a terapia é um excelente caminho para o desenvolvimento emocional e para a organização mental.

É preciso desaprender muito do que aprendemos, fugir da utopia desta felicidade que não existe e observar a vida e os fatos sob outra perspectiva,vivendo de forma mais real, paradoxo eficaz e positivo deste trabalho.

“Nós só sentimos a felicidade porque ela não é contínua”. (Mário Sérgio Cortella).

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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