Ano novo

Por José Faganello | 06/01/2021 | Tempo de leitura: 3 min

“Feliz de quem passou, por entre a mágoa / E as paixões da existência tumultuosa, / Inconsciente como a rosa, / E leve como a sombra sobre a água. / Era-te a vida um sonho indefinido / E tênue, mas suave e transparente… e vagamente / Continuaste o sonho interrompido”. (Antero de Quental)

O Dia de Ano costuma ser festejado não na tranqüilidade, porque ela não se coaduna com gritos, sopros de apitos e música em altos decibéis, nas festas de clubes ou hotéis de luxo. É, portanto, uma festa diferenciada do Natal, esta, teoricamente mais tranqüila porque é comemorada, em geral, no meio familiar, segundo o conselho dos italianos: “Natale-con i tuoi, capo d’ano con chi vuoi!” (Natal com os teus, 1º do ano com quem queres).

De acordo com a tradição, o que se fizer de bom no primeiro de janeiro far-se-á todo o ano. Uma boa ceia, roupas novas, um passeio, convívio alegre e bom humor são necessários para que o mesmo continue a acontecer no resto do ano.

Há controvérsias quanto ao dinheiro; dar o famoso “bom princípio”, para alguns, redundará em receber em dobro, enquanto para outros, não se deve dar dinheiro nesse dia, pois nos predispomos a desembolsá-lo durante o ano todo.

Há outras crendices, como comer lentilhas, sementes de Romã, levar qualquer nota de dólar na carteira, crenças essas que se não fizerem bem, mal não farão.
Importante, sem dúvida, é fazer uma avaliação sobre nossas falhas no ano que passou e elaborar projetos para o novo.

Melhorar a casa em que moramos deve ser um desejo de quase todos, mas, o principal, que é aprimorar o corpo, a poucos preocupa, ele, no entanto, é onde habitam os órgãos responsáveis por nossa vida. Igualmente importante é preocupar-se com nossa alma, permitir a entrada de mais luz, mais amor; despejar dela o rancor.

A lista dos bons desejos é grande: cuidar diuturnamente da saúde, almejar ausência de preocupações sérias, surpresas desagradáveis, querer bastante trabalho e o necessário e reconfortante lazer.

Tomar cuidado para que nossos interesses não nos impeçam de preocuparmo-nos com o próximo e de procurar sempre compreendê-lo.

Evitar conflitos, passar uma borracha nas coisas desagradáveis que aconteceram. Saber perdoar quem julgamos nos ter prejudicado. Esperar que não o façam mais pois, dizem, há a lei do retorno – “Faz aqui, paga-se aqui”.

Buscar o sucesso financeiro, mas sem o apego excessivo às coisas materiais, pois delas nada levaremos.

Torcer pelo sucesso dos filhos e dos nossos mais próximos, nos estudos, no emprego, nos relacionamentos; que tenham mais alegrias do que dissabores.
Fazer uma corrente de pensamento capaz de reverter nosso “mundo político” para melhor, mais responsável, preocupado com o bem comum (sua função) não com a ambição pessoal. Que de agora em diante as falhas e falta de escrúpulos não fiquem impunes.

Contribuir para que os idosos sejam respeitados, os jovens consigam, nas escolas que freqüentam, boa formação, vagas nas universidades e empregos remunerados condignamente.

As perspectivas, tanto nacionais como internacionais nos anunciem um novo e preocupante :Covid a massacrar a mão de obra como um novo Moloc (deus fenício que exigia sacrifícios humanos), Corrupção generalizada, consumismo insano, o principal causador, do aquecimento global e do esgotamento dos recursos naturais, da demanda insaciável da energia, do individualismo, da valorização das aparência sobre o valor da realidade.

Ao ler até aqui, espaço que me é destinado, pensarão: tudo isso são sonhos. Muito justo; em nosso atual momento são utopias, mas sonhar é preciso e jamais
interromper esses sonhos que serão nosso conforto, mesmo com as dúvidas anunciadas..Espero que 2021 de a partida para corrigir ao menos a maior parte dos desvios atuais.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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