Luz, mais luz!

Por José Faganello | 23/12/2020 | Tempo de leitura: 3 min

A juventude nos proporciona o vigor físico, beleza, descompromisso, impetuosidade, mas não experiência, e poucas lembranças.

Em contrapartida, o envelhecimento nos traz incontáveis recordações e, apenas ele pode nos tornar experientes.

Quando professor de história, tentava conscientizar-me de que, para transmitir algo a meus alunos, é necessário colocar-me num plano o mais próximo possível deles e faze-los atentos já nos primeiros minutos. Se não houver imediata predisposição por parte deles, nada se conseguirá.

Marco Tullio Cícero deixou-nos essa importante sentença: “A história… é a testemunha dos tempos, a luz da verdade, a vida da memória, a mestra da vida, a anunciadora da antiguidade”.

Ele, nessas poucas linhas, sintetizou com maestria a importância da memória, de nossos antepassados e de nossa vida pessoa

Ensinar o passado, para o professor de história, é deparar-se com jovens engolfados pela abundância e instantaneidade das informações. São tantas e sem nenhuma seletividade, que não sobra tempo para nada. Torna-se difícil para eles perceberem que a história é a repositória do tempo, testemunha do passado, uma advertência, tanto para o presente, como para o futuro.

Ao analisar nosso atual desenrolar político, econômico e social, percebemos que muitos de nossos homens públicos e a parte da sociedade que os avaliza, parece não se importar com o que deles escreverão. A história é o tribunal do mundo.
Sabemos que na imensa galeria dos vultos históricos há poucos originais, mas muitas cópias. Atualmente, predominam as cópias a esmerarem-se em sobressair negativamente.

Será que, tanto os eleitores, como os políticos por eles eleitos, esqueceram-se do que aprenderam nos bancos escolares? Não se lembram mais do Iluminismo?
Para quem não se recorde dele ou nada viu sobre o assunto, explico: Foi um movimento filosófico cujo ideário tinha três princípios básicos:
- universalidade – o projeto visava todos os seres humanos, independentemente de barreiras nacionais ou étnicas;
- individualidade – os seres humanos devem ser vistos como pessoas concretas e não apenas como integrantes de uma coletividade;
- autonomia – os homens estão aptos a pensarem por si mesmos, sem a tutela da religião ou da ideologia, e para agir no espaço público a fim de adquirir à sobrevivência material.

Se não se lembram disso, também não se recordam de conceitos emitidos pelos principais filósofos iluministas, pois eles são afrontados todos os dias, além de escudarem-se na impunidade e na contínua manutenção no poder, devido o apoio dos eleitores.

Montesquieu propôs um Estado organizado de tal forma, que o poder fosse distribuído em três setores autônomos: executivo, legislativo e judiciário, e que cada um funcionasse como contrapeso uns dos outros, controlando-se mutuamente. É isso que acontece?

Para os iluministas, todos devem ter os mesmos direitos perante a lei, e não aceitavam tribunais diferenciados para os nobres. Admitiam a diferença de riqueza na sociedade, desde que fosse fruto do mérito individual, esforço e talento, por exemplo. O Estado não tem o direito de oprimir o cidadão.

Temos um Estado opressor que dá calote em seus credores. Procrastina dívidas, usa de litigância de má fé, recorre em todas as instâncias, atravancando a justiça para depois, jogar o que deve para os impagáveis precatórios.

Luís 14, num rompante anunciou: “O Estado sou eu”. Ele era um só. Atualmente o butim é para saciar muitos. Eles, os saqueadores, fazem seus salários sem estabelecer regras para se darem aumentos, por exemplo, não aceitam atrelá-los ao salário mínimo. Estamos numa República?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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