Machismo estrutural na sociedade brasileira: Até quando?

Por Professora Bebel | 22/12/2020 | Tempo de leitura: 2 min

No Brasil, o machismo estrutural, misoginia, o assédio sexual, o feminicídio e todas as demais formas de violência contra a mulher são uma realidade cotidiana.

A Apeoesp representa uma categoria profissional composta por 84% de mulheres. Entende, nesse sentido, que é de fundamental importância dar visibilidade a este problema e discuti-lo à exaustão, de modo que a sociedade se conscientize e o Estado encontre meios legais de combater essa verdadeira chaga nacional. Não há forma de combater a naturalização da violência e a banalização e controle dos corpos femininos.

O fato ocorrido na noite de 16 de dezembro no plenário da Assembleia Legislativa joga luz sobre o problema por estar documentado em vídeo e envolver assédio sexual de um deputado, Fernando Cury, contra a deputada estadual, Isa Penna.

O machismo e a misoginia também são instrumentos de luta política de setores conservadores e retrógados na nossa sociedade, como ocorreu no processo de desgaste e posterior golpe contra a presidenta Dilma Roussef.

Eu própria, no exercício do meu mandato, como presidenta da Apeoesp e deputada estadual, em diferentes momentos e de diversas formas, fui alvo de atitudes machistas, misóginas e autoritárias, visando calar-me e impedir-me de exercer livremente meu papel de liderança e de parlamentar.

Portanto, é preciso que não nos calemos e que somemos cada vez mais forças para denunciar e combater o machismo estrutural em todas as suas manifestações e para romper um sistema de poder baseado numa visão misógina e patriarcal de sociedade.

No âmbito da Assembleia Legislativa um passo importante foi dado nesse sentido, quando o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) incorporou o projeto de lei 2862020, de minha autoria, que cria o programa de combate à violência doméstica. Ele cria uma rede de solidariedade de atendimento psicológico e jurídico a mulheres vítimas de qualquer tipo de violência e formas seguras par a que denunciem os fatos ocorridos.

Proporei ainda na Alesp que se crie uma CPI para apuração da existência de machismo, misoginia, assédio e violência contra a mulher no interior da instituição, tendo em vista manifestações de diversas mulheres, inclusive deputadas, sobre a existência dessa prática.

Reafirmo nesse momento minha solidariedade ativa para com todas as mulheres vítimas de discriminação e violência e reitero o compromisso da Apeoesp de usar de forma vigorosa, firme e permanente para erradicar o machismo estrutural da nossa sociedade.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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