
Os números são preocupantes: no Brasil existem mais de 30 milhões de animais abandonados, entre 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães, segundo os últimos dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Iniciativas para aumentar o uso de chips de identificação e registro para pets aparecem como opções para mudar esta realidade. Mas para isso, ainda é preciso vencer a desinformação, é o que ressalta a veterinária Evelyn Sue Kato.
Segundo ela, tutores e até profissionais do setor ainda têm dúvida sobre a utilização desta tecnologia para o beneficio dos animais. Microchip, explica Evelyn, é um circuito eletrônico do tamanho de um grão de arroz, encapsulado em vidro. “O dispositivo possui um número único que é revelado quando aproximado a um leitor. Esse número pode ser cadastrado em um banco de dados com informações do proprietário, nome, raça e idade do animal”, aponta a veterinária.
O microchip pode machucar o animal. “É implantado no subcutâneo. E como todos os microchips contam com uma agulha única, descartável, que é muito afiada, o animal quase não sente a aplicação”, ela ressalta. Além disso, em algumas marcas ele é revestido por uma substância biocompatível para uso animal, o que diminui a migração no corpo do pet. Isto é, ao ser aplicado, estes modelos facilitam a formação de um tecido ao redor do microchip, o que aumenta a aderência, diminuindo o risco de movimentação.
E são dois fatores importantes na implantação, destaca Evelyn. No entendimento da veterinária, o microchip é mais eficiente que as coleiras com o RG animal, que podem ser perdidas pelo pet. “Mas é importante lembrar que ainda não há um registro central de animais, apenas algumas iniciativas, como no município de São Paulo, onde o registro de animais domésticos é obrigatório, e do Centro de Controle de Zoonoses, que possui um banco de dados”.
O segundo ponto importante é para clubes de criadores, que podem usar o chip como garantia de procedência do animal, pois não é fácil tirar o microchip de cachorro de raça e implantar em outro de origem desconhecida.
Outro ponto relevante neste debate é informar que o microchip não é obrigatório. Em caso de viagens internacionais, alguns países exigem o registro. “Aliás, a identificação eletrônica dos animais também é obrigatória para a concessão do Passaporte para Trânsito de Cães e Gat o s. Em S ã o Pa u l o, a L e i 14483 já determina, desde 2007, que os canis e gatis do município só comercializem, doem ou permutem animais com microchip e esterilizados”, ela revela.
O microchip tem um prazo limite para ser aplicado, é a data de validade que consta na embalagem e que garante a esterilização do produto. Uma vez implantado ele dura mais do que a vida estimada de qualquer espécie de animal doméstico. “Como não tem bateria e fica inativo a maior parte do tempo, só funcionando no momento da leitura, não existe o risco de parar de funcionar”, completa Evelyn.
Erick Tedesco
erick.tedesco@jpjornal.com.br
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