Para alguns supersticiosos, os anos redondos, como 2020, são repletos de simbolismos. A década que se iniciou em 2011 é fechada pelo ano de 2020 no calendário gregoriano, que é oficialmente seguido pela grande maioria dos países, em alusão ao papa Gregório XIII, responsável pela reunião de grupo de especialistas que reviu o calendário juliano, vigente anteriormente. A promulgação do calendário gregoriano se deu em 24 de fevereiro de 1582.
Uma das principais mudanças do calendário gregoriano foi a introdução do dia 29 de fevereiro, a cada quatro anos, para ajustar o ano civil ao solar, de modo a caracterizar os anos bissextos, tal como foi o caso de 2020, o ano bissexto que deixou marcas profundas nas nossas vidas.
As perspectivas para 2020 eram boas, com otimismo sobre a retomada da economia, após a recessão da era Dilma e o baixo crescimento econômico da era Temer. Esperava-se que a equipe econômica, liderada por Paulo Guedes, pudesse deslanchar o trabalho iniciado em 2019, avançando nas reformas necessárias para o desenvolvimento do país.
Infelizmente não foi o que aconteceu. O ano de 2020 entra para a história como marcado pela pandemia do coronavírus. A maioria esmagadora dos brasileiros não havia vivenciado experiência minimamente semelhante. A gripe espanhola, que assolou o país em 1918-1919, espalhando-se por grandes centros urbanos como Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro, havia sido o último registro histórico de surto epidemiológico equivalente. Portanto, não existem hoje sobreviventes daquela época que possam contar suas experiências. A pandemia do coronavírus é situação absolutamente sem precedentes para nós.
Além da pandemia em si, é preciso reconhecer que o modo como ela foi administrada tornou-se outro grande problema. Interesses políticos determinaram guerras entre governos de estados e o governo federal, prejudicando enormemente a gestão da pandemia nos municípios, onde, na realidade, os brasileiros vivem.
Agora detecta-se a temida segunda onda de contaminação pelo vírus, ou seria a continuidade da primeira, convenientemente “pausada” durante o calendário eleitoral brasileiro? O fato é que vão se fechando as cortinas de 2020, com crise de saúde não solucionada e crise sem precedentes no mercado de trabalho: a taxa de desemprego nacional divulgada em novembro bateu recorde de 14,6%, ou seja, 14,1 milhões de brasileiros desempregados, sendo os jovens os mais afetados.
Não há dúvidas de que 2020 foi um ano difícil, que deixará cicatrizes na nossa sociedade. A educação das crianças e dos jovens foi severamente prejudicada, com impactos que poderão perdurar por toda uma geração. Além da saúde física debilitada, 2020 marca ano desastroso para a saúde mental de crianças, jovens, adultos e idosos. Quando voltaremos à nossa vida “normal”? A pergunta ainda permanece sem resposta.
Que se abram as cortinas de 2021, com o início de uma nova década que traga a esperança de dias melhores para nossas vidas, nossa cidade, nosso estado e nosso país. E que possamos contribuir ativamente para a superação de nossos problemas. Feliz Natal e um 2021 repleto de saúde e prosperidade para todos!
*Esta colunista sairá de férias e voltará a escrever somente em 2021.