Novembro

Por José Faganello | 25/11/2020 | Tempo de leitura: 3 min

“Até a morte, tudo é vida”. (Cervantes)

Novembro, que era o nono mês no calendário Juliano, passou a ser o penúltimo do nosso calendário gregoriano. Esse novembro de 2009 ocorre no século XXI e no terceiro milênio, pela atual medida do tempo.

No penúltimo mês do ano, é proveitoso fazer um balanço sobre o que já se passou e programar aquilo que pretendemos daqui para frente.

No frenesi da atual vida moderna, é incomum para a maioria das pessoas, parar e dispor a avaliar se desperdiçou ou conseguiu administrar devidamente seu tempo durante o ano que se finda.

O inusitado de novembro, principalmente para os que habitam no ocidente, são as duas primeiras comemorações, logo em seu início. Dia 01 de novembro, Dia de Todos os Santos. Sem dúvida, para aqueles que neles crêem, são um paradigma a seguir, pois aproveitaram adequadamente seu tempo de vida, a ponto de conquistar uma imortalidade de gozos, segundo os cristãos.

O dia 02 de novembro é dedicado aos Finados. Esse dia nos dá a oportunidade de concordarmos com o que Shakespeare, no Ato III de Tróilo e Créssida, apropriadamente colocou: “Porque o tempo / como os estalajadeiros muito em moda / se assemelha, que aos hóspedes apertam / de leve a mão, no instante da partida, / e de braços abertos ao que chega / tratam de segurar, como se em fuga / porventura estivesse. A boa vinda / sempre sorri; o adeus sai suspirando”.
Nas maternidades alegria e muitos sorrisos, nos velórios choros e suspiros de tristeza.

O apego a vida faz com que se sinta, mesmo para aqueles que têm a ventura de uma vida mais prolongada, a sensação de que nosso tempo, nessa morada terrestre, nos foge imperceptivelmente.

Essa impressão é sempre maior para quem viveu em meio a muita agitação, repleto de compromissos, quer de trabalho, como sociais. Por sua vez, quem, por qualquer motivo que seja, tem um viver sem muitas ocupações, não raro, desesperam-se com a monotonia e com a lentidão do passar do tempo que se lhes afigura.

No entanto, todos os felizardos que conseguem longa vida, notam, a cada dia de maneira mais acentuada, como a chamada modernidade se recusa a aceitar o que é velho e valoriza somente o novo como belo.

É inegável que o tempo corrói, e tira o viço da juventude e esmaece sua beleza, porém, velhos rostos podem ser mais expressivos que os de jovens, velhas paredes, esculturas e escritos, mais ricos do que os recentes. Quem despreza o idoso hoje, amanhã será também desprezado, pois consolidam um modo de pensar errôneo.

Não nos esqueçamos – só a idade dá a experiência, que é mestra de todas as coisas.

Novembro marca, também, nosso time de futebol que tantas alegrias nos deu, na antiga “Panela de Pressão” da Regente Feijó. Parece que está voltando a alegrar seus torcedores.

Este novembro está se afigurando como um enigma, que me preocupa por demais.

Como professor, além de ficar sabendo que as avaliações de nosso ensino regrediram, não entende, como uma parcela minoritária de alunos, que demonstram não apreciar seus estudos, com suas invasões, impeça a maioria de ter aulas, justamente no final do ano.

Maior ainda é acompanhar pela mídia o descompasso de nossos três poderes.
Legislativo, preocupado em primeiro lugar em manter seus privilégios e, em segundo, livrarem-se das ações engavetadas.

Judiciário sem nenhuma pressa de darem prioridade em condenar esses prevaricadores, assim como limpar possíveis falsas acusações.

Executivo refém de um Congresso, a ponto de só conseguir aprovações, usando do toma lá dá cá.

Enigma maior ainda é quantos serão os rebaixados em seu padrão de vida pela crise econômica, provocada por eles (falsos guardiões), que gera milhares de desempregados.

Para completar, a natureza parece estar disposta a castigar nosso Brasil, pois não está merecendo ficar de fora dos cataclismos com que ela castiga outras plagas.

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