Volta às aulas

Por Ana Pascoalete |
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Turmas reduzidas, carteiras mais afastadas, janelas abertas, ambientes bem higienizados, todos de máscaras (alunos, professores e funcionários) e nada de aglomerações, nem mesmo no intervalo. Esse é o cenário que imaginamos nas escolas brasileiras para que possa ocorrer o retorno das aulas presenciais nas próximas semanas.

Após o período de suspensão das aulas presenciais para evitar o contagio do covid 19, os gestores escolares, agora, se preparam para gradualmente retomarem essa empreitada, e o governo do estado de São Paulo já anunciou esse retorno com, inicialmente, 20% dos alunos presencialmente nas salas de aulas.

Cada um dos estados brasileiros desenvolverão planos distintos para retomada das aulas, porém o protocolo de saúde de todos os estados serão baseados em cinco eixos, distanciamento social, higienização, comunicação, monitoramento e controle. Ainda existe muita coisa a ser planejada, pois o cenário mantêm-se instável, não temos ainda a vacina imunizadora e infelizmente os próximos passos não são visualizados com clareza.

É necessário ainda muita cautela e um olhar atento para os novos desafios que incluem um novo modelo de ensino, bem-adaptado aos protocolos de saúde e a implantação de um sistema de gerenciamento de crise.

A pandemia promoveu grande impacto na sociedade e com isso muitas famílias foram atingidas e o índice de inadimplência aumentou nas escolas e será necessário flexibilidade dos gestores para negociar com os pais dos alunos esse retorno às aulas.

Crianças e adolescentes estão dentro de casa, as aulas realizadas a distância e a rotina totalmente alterada, isolamento social por tempo prolongado e ainda opiniões divergentes dos pais que defendem a retomada dos filhos às aulas presenciais e, ainda, outros pais que por insegurança preferem manter os fi lhos com o ensino a distância em suas casas, visando a preservação da saúde, principalmente nos casos que apresentam alguma comorbidade.

Estamos longe do retorno ao normal, pois a pandemia já alterou a lógica de como funcionávamos enquanto sociedade e a escola precisa se preparar para atuar nesse novo mundo.

Nesse sentindo, o desenvolvimento das competências socioemocionais será fundamental pois ganhou relevância no período de crise e confinamento e continuará necessária nesse processo de retorno a rotina escolar.

Todos envolvidos terão que desenvolver resiliência e capacidade de inovação visando qualidade das relações humanas. Ainda sabemos que o trabalho remoto deve permanecer em algum nível nesse processo de retomada gradual. Vale evidenciar que a nova escola, posterior a pandemia, necessitará ser mais humana, pois estimulará a melhoria da qualidade das relações com as famílias e o acolhimento dos alunos, auxiliando o desenvolvimento integral do aluno, corpo, mente e emoções.

Após tempo prolongado dos alunos em casa o desafio está lançado para educadores adotarem linguagem e conteúdos motivadores, estimulantes e que passem confiança a toda a comunidade escolar, ajudando na conscientização e motivação de todos para juntos se fortalecerem para o enfrentamento da crise.

Ainda é necessário levar em consideração que para alguns alunos a volta às aulas será muito bem-vinda e libertadora, enquanto para outros pode ser encarado com resistência, pois pode ter a representação de mudanças, algo que nem sempre é bem recebido depois de passar tempo prolongado com a família, a alteração da rotina pode representar uma transição conturbada e estressante, porém após a adaptação pode ganhar um significado mais leve, com autonomia e novos aprendizados.

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