253° Aniversário de Piracicaba

Por Érica Gorga | 03/08/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Piracicaba completou ontem, em 1 de agosto, 253 anos, data marcada pela celebração das riquezas naturais de que tanto se orgulham os piracicabanos.

O nosso rio e o véu da noiva continuam os mesmos, mas, no que tange à sua administração, Piracicaba passa por situação absolutamente inusitada. Não há neste aniversário muito a comemorar, já que nossa cidade está sofrendo uma das piores, senão a pior crise em toda a sua existência.

Pela terceira semana consecutiva Piracicaba permanece na fase 1, ou seja, na faixa vermelha do plano de flexibilização da quarentena, sujeitando-se às medidas mais drásticas de restrição de atividades sociais, econômicas e humanas. A região representada por Piracicaba, o Departamento Regional de Saúde-X, segue entre as piores do estado de São Paulo.

Na atualização do Plano São Paulo em 24/07, Piracicaba estava entre as três piores regiões afetadas pela crise da covid-19 e em 31/07 permanece entre as quatro piores do estado. Os fatos falam por si: Piracicaba apresenta uma das piores gestões da crise do coronavírus entre os municípios paulistas, especialmente considerando-se os mais relevantes.

Nas colunas deste jornal, desde o início da crise, manifestamos opinião contrária ao fechamento prematuro das atividades comerciais e econômicas da cidade em março. Naquela época, a capital era o epicentro da doença, mostrando números preocupantes de propagação do vírus. Mas Piracicaba, apesar de ter quadro epidemiológico distinto, que não justificava as medidas mais drásticas de quarentena, foi fechada com a total anuência da prefeitura da cidade, que sequer chegou a questionar a decisão do governo do estado. O poder público obrigou os piracicabanos a queimarem sua munição antes do combate.

Com a abertura das atividades comerciais na capital, desde 6 de julho, e a manutenção do nosso município na faixa vermelha até hoje, evidencia-se incontestavelmente que Piracicaba está arcando com ônus muito superior ao da capital ou ao de outros municípios que se encontram agora na fase laranja.

Apesar de a prefeitura do município reconhecer nos bastidores que houve fechamento prematuro, tenta agora se livrar da responsabilidade, como se não tivesse apoiado plenamente as ações equivocadas do governo do estado, diferentemente de outras administrações que questionaram o governo estadual.

Notícias recentes do JP informaram que mais de 3 mil vagas de emprego foram perdidas na cidade, em grande parte devido ao fechamento precoce. Levantamento recente realizado pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) mostrou que 1 em cada 3 lojistas de Piracicaba terão que fechar os seus negócios, o que aumentará exponencialmente os números do desemprego, afetando milhares de famílias piracicabanas.

A prefeitura, na área da saúde, deixou a desejar no que tange à testagem da população para detecção do vírus e à prevenção do alastramento. Promoveu a troca do serviço de transporte público, com diminuição drástica da frota, o que gerou lotação dentro dos ônibus. Fiscalizou apenas os comerciantes e estabelecimentos comerciais, eleitos como bodes expiatórios da crise, mas fechou os olhos para a realização dos “pancadões” nas periferias da cidade. Tampouco contratou “desaglomeradores” para ajudar a prevenir aglomerações.

Esta lamentável situação, coincidente com o aniversário de Piracicaba, chama a atenção para a necessidade urgente de se pensar no futuro e nos desafios que Piracicaba enfrentará para voltar a ser uma cidade de destaque dentre os municípios paulistas.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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