Por qual amor você quer ser amado?

Por Francisco Ometto | 17/07/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Amor, a palavra mais falada no Planeta! A mais vivida? Como? Conceitos não faltam. Hoje, te convido a fazer uma viagem comigo. Teremos três paradas e, em cada uma, pessoas muito especiais nos recepcionarão, falando o que pensam sobre o amor.

Pois bem. Chegamos na primeira e é o filósofo Platão que nos recebe dizendo que amor é “eros”, de onde vem o erótico, o erotismo, etc. Para ele, amamos o que desejamos e, se conquistamos o que desejamos, já não amamos mais. Ele revela que amor é desejo e desejo é o que queremos e não temos. Portanto, “se você ama o que deseja, deseja o que não tem e quando tem deixa de amar”.

Quantas coisas (ou pessoas) você desejou e quando conquistou não desejou (amou) mais, ou não teve o mesmo “desejo” de antes. Mas você pode perguntar: “Então não amo meu trabalho, porque não tenho desejo de ir trabalhar!”. Experimente ficar desempregado, ver as contas chegando, seu filho passando necessidades e você vai sentir muito amor por seu emprego! Mas, quando conseguir, o círculo vicioso continua… (e o emprego é só um dos muitos exemplos). Platão está certo? Na verdade, somos “ensinados” a viver esse amor de Platão, desde pequenos. Aliás, o capitalismo aplaude Platão! No ginásio fomos treinados a “desejar” ir para o Colegial (hoje ensino médio), só que a “felicidade” estava em chegar na Faculdade; na Faculdade fomos treinados a entender que “a vida valerá a pena” quando tivermos um MBA, doutorado ou entrarmos numa grande empresa e, quando entramos, o “desejo” é o próximo cargo! Metas, etapas, números, resultados, exploração, dor, suor, frustrações. O próximo passo! Esse sim valerá a pena! E quando atingimos quase tudo, pensamos que a felicidade e a vida perfeita estará na aposentadoria… Mas já estaremos no fi m. E, quando aí estivermos, já impossibilitados fisicamente e emocionalmente de muita coisa, talvez nos arrependamos amargamente de viver a vida no “amor de Platão”.

Mas continuamos a viagem. Chegamos, agora, na segunda parada e encontramos Aristóteles. Ele nos informa que não concorda com Platão, pois amor não é o desejo do que falta, mas a alegria do que não falta mais. “Philia” é o amor de Aristóteles, ou seja, a alegria de valorizar o que temos, agora. Não o que teremos, mas o que temos. A aceitação! A sua grama, não a grama do vizinho… Devemos nos encantar com a vida, sem a “neura” de que precisamos de mais.

Finalmente, chegando na terceira parada, somos recepcionados por Jesus Cristo, que gentilmente “resolve” o dilema e fecha com chave de ouro nossa viagem. Ele revela que amor não é o desejo do que falta e nem a alegria do mundo, pois nem tudo vai alegrar nossa alma… No amor de Cristo, “o que importa é o que o amado sente”. O outro! Uma poderosa e inteligente lição de empatia. Enquanto o ser humano não entender que o sentido da vida é dar sentido à vida do outro, não haverá felicidade verdadeira. A realização da nossa vida está no fato de realizarmos algo pelo outro. O que fazemos, nosso trabalho, nossos objetivos não podem ser traduzidos só em números, conquistas ou bens, mas na alegria em fazer sua vida ser vida não só por você, mas pelo outro.

Não fica mais fácil entender agora porque temos tantos problemas
de relacionamento?

Por qual amor você quer ser amado?

Você ama com o mesmo amor que quer ser amado?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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