A importância da Psicanálise no direito

Por Francisco Ometto | 13/07/2020 | Tempo de leitura: 2 min

A Psicanálise pode auxiliar de maneira extraordinária os Profissionais do Direito. Como afirma o Prof. Dr. Rodrigo da Cunha Pereira, “toda a trama jurídica e judicial gira em torno de desejos, que são determinados muitas vezes pelo inconsciente”. E ele conclui: “Eu não consigo mais pensar o Direito sem a ajuda da Psicanálise”. Portanto, investigar o inconsciente pode ser o diferencial necessário para um trabalho de sucesso no cenário jurídico como um todo.

“Estamos cada vez mais convictos da falta de fidedignidade das declarações feitas por testemunhas, sobre as quais, entretanto, se apoiam tantas condenações nos tribunais. Esse fato levou-os, futuros juízes e defensores, a se interessarem por um novo método de investigação, que se propõe a induzir o próprio réu a estabelecer sua culpa ou inocência por meio de sinais objetivos”.Esta frase é de Sigmund Freud, em 1906, quando deu uma palestra na Conferência “A Psicanálise e a Determinação dos Fatos nos Processos Jurídicos”, na qual sugeria os estudos psicanalíticos para uma maior eficácia nos trabalhos jurídicos. Mais tarde, Lacan (um dos principais nomes da psicanálise, da ciência e da própria filosofia), no livro 20 do seu Seminário, aborda de maneira mais profunda ainda a importante ligação entre as duas áreas. Assim como Freud, Lacan e outros famosos nomes da Psicanálise, grandes Juristas modernos também foram atraídos ao universo psicanalítico e contribuíram para o avanço desta união tão promissora e poderosa.

Um dos grandes exemplos se refere ao mecanismo de negação, uma vez que não aceitar o real é buscar o caminho mais cômodo para se proteger de situações que causam sofrimento. A negação dos fatos comprovados, o “desvio” visando não enfrentar situações desagradáveis ou até a “invenção” de falsas situações para driblar o real, são peças desse famoso mecanismo. Entretanto, fugir à realidade é o pior e mais derrotador caminho.

Quando falamos, por exemplo, em Direito de Família, temos complexos e longos processos, na maioria litigiosos, onde, na verdade, pessoas acabam se destruindo e destruindo ao outro e, paradoxalmente, todos afirmando dizer a verdade. Não obstante, nota-se que, na maioria dos temas do Direito de Família há sempre um conteúdo moral e sexual, colocando a sexualidade como núcleo e objeto das discussões. Principalmente por esse fato, temos a origem da importância da união entre Direito e Psicanálise.Outro ponto a destacar, é que a tese de que paternidade e maternidade são funções exercidas, foi trazida pela Psicanálise ao Direito de Família e disso, surgiu, por exemplo, outros institutos, como a guarda compartilhada, a alienação pariental, o abandono afetivo,dentre outros.

O melhor entendimento da estrutura psíquica do ser humano e seus desejos, aliado à valorização da Inteligência emocional, ajudam na diminuição dos litígios e no exercício mais eficaz do Direito, beneficiando a Justiça, tanto para membros do setor jurídico, como para seus clientes, uma vez que, no pessoal ou no profissional, todosnós somos movidos por desejos e emoções e nada melhor e mais moderno do que a Psicanálise, para ajudar no gerenciamento de todo esse processo.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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