Duas reflexões: A festa - A purificação

Por Luiz Xavier |
| Tempo de leitura: 3 min

Apresento a vocês duas reflexões: uma do Bert Hellinger (criador das Constelações Sistêmicas), e outra, de sua esposa Sophie Hellinger. Apreciem:

A Festa
“Uma pessoa se põe a caminho e, olhando a frente avista ao longe a própria casa. Ela vai em sua direção e, ao chegar, abre a porta e entra em um salão decorado para uma festa.

Vêm todas as pessoas que foram importantes em sua vida. Cada um que chega traz algo, fica um pouco e vai embora. Assim como desejos ou o sofrimento que também trazem algo, fica um pouco e vão embora. E como a vida que também vem, nos traz algo, fica um pouco e vai embora.

Vêm à festa, cada um com um presente especial pelo qual já pagaram o preço integral, de uma maneira ou de outra: a mãe, o pai, os irmãos, uma avó, tios, tias, todos que deram espaço para você. Todos que cuidaram de você, vizinhos, amigos, professores, companheiros, filhos, todos que foram e ainda são importantes na sua vida.

Depois da festa, a pessoa ainda fica ricamente presenteada e com ela, apenas pessoas que ainda podem ficar por mais tempo. A pessoa chega à janela, olha para fora e vê as outras casas. Ela sabe que, lá também, um dia, haverá uma festa e que ela irá e levará algo, ficará um pouco e irá embora.

Nós também já estivemos em uma festa, levamos e tomamos algo. Ficamos um pouco e vamos embora. Como? Realizados e plenos”. (Sophie Hellinger)

A purificação
“Há algum tempo procurei definir o que significa grandeza. O que torna grande uma pessoa? Cheguei a uma estranha conclusão? O que há de maior em cada ser humano é aquilo que o torna igual a todos os demais. Isso é o que há de maior. Toda diferença, para mais ou para menos, tira algo dessa grandeza.

Com o decorrer do tempo a purificação tornou-se um conceito ou processo importante para mim. Purificação significa retirar o supérfluo para que fique o essencial, o definitivo. Ela desempenha, sob muitos aspectos, um papel relevante na mística cristã.
Um de seus caminhos é a purificação dos sentidos, outro é a purificação do espírito.

Na purificação do espírito os pensamentos ficam de fora. Suprimem-se os conceitos, as teorias, a curiosidade por um tempo suficiente até que nos abramos apenas e totalmente ao que se mostra. Quando nos expomos apenas à multiplicidade, tal como ele é, algo de especial finalmente se manifesta.

A purificação se realiza na medida em que me torno igual a tudo. A tudo não apenas a todos os homens, mas talvez a toda criatura, sem se sentir superior a nada. Integro-me no todo como um entre muitos, totalmente igual e equiparado a todos.

Neste processo cessa a distinção entre bons e maus, ou entre predadores e vítimas. Quando abrimos espaço a esse processo, quando nós mesmos nos tornamos abertos e grandes, reconhecemos também a eles a igualdade que lhes compete.

Por conseguinte, a purificação permite que também se dissolvam em mim as diferenças entre predadores e vítimas, na medida em que os acolho de modo igual em minha alma, abrindo lugar a todos. É o grau máximo de purificação.

Quando nos entregamos a ela somos recompensados, pois ela nos preenche. Essa purificação não me diminui. Pelo contrário. Nessa igualdade tenho tudo em mim, sem que o tenha buscado. Tudo me possui e me sustenta”. (Bert Hellinger)

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