Problemas do plano nas questões específicas da cidade

Por Érica Gorga |
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No domingo passado (24/5), escrevi sobre a falta de plano específico de gestão da crise do coronavírus em Piracicaba. Em ação na justiça ingressada pela Acipi, Sincomércio e CDL, que pleiteava a volta de atividades dos estabelecimentos comerciais no município, a prefeitura fez uso de recursos jurídicos para não apresentar plano específico de retomada, tal como inicialmente ordenado pelo Judiciário da cidade.

É sabido que serão gerados efeitos nefastos, com a paralisação da economia, sobre o emprego e a renda das famílias brasileiras. O ministro-chefe da Casa Civil, Walter Souza Braga Netto, explicou que o governo federal não teria recursos suficientes para continuar pagando indefinidamente o auxílio emergencial de R$ 600,00, e alertou que, se a economia não voltar, haverá “gente morrendo de fome” e “caos social”. Já foram perdidos mais de 1,1 milhão de empregos formais no país nos últimos dois meses.

Em face do cenário econômico que se agravava a cada dia, o governo do estado, então, resolveu anunciar uma abertura gradual da economia, classificando as regiões do estado de acordo com 5 fases progressivas de retomada. O novo Plano Piracicaba de Retomada das Atividades Econômicas, durante a flexibilização da quarentena, assinado pela prefeitura, reproduz as diretrizes estipuladas pelo governo do estado.

Ocorre que Piracicaba tem problemas específicos no transporte público, com superlotação noticiada mesmo antes da anunciada flexibilização da quarentena. Reportagem exclusiva do Jornal de Piracicaba do 28/5, que acompanhou a movimentação nos terminais da cidade, identificou que ônibus estão saindo das plataformas lotados, configurando aglomerações de pessoas. Falta álcool em gel dentro dos veículos de transporte público e falta higienização dos carros entre uma viagem e outra. Aglomerações estão se formando perto das portas, com usuários que vão de pé. A empresa Tupi, que agora presta os serviços, justificou que a oferta de viagens é determinada pela prefeitura, conforme contrato. Segundo funcionários, a empresa hoje opera com 85 ônibus representando só 30% da frota.

A reportagem do JP repercutiu nas redes sociais, com a confirmação de leitores, que criticaram fortemente a existência de aglomerações no transporte público enquanto a cidade vivia plena época de isolamento e quarentena. Não há dúvidas de que a superlotação nos ônibus favorece a disseminação do coronavírus entre os usuários do transporte público, contribuindo para espalhar o vírus por toda a cidade.

É surpreendente que exatamente quando deveria haver maior número de ônibus em circulação, a prefeitura tenha decidido realizar a troca da prestadora do serviço público essencial de transporte, com a redução de veículos em circulação por toda a cidade. É incontestável que deve haver planejamento para aumentar os veículos de transporte coletivo em horários de pico.

Deve-se reconhecer que o plano de gestão da crise do coronavírus tem que ser coerente. Não é efetivo promover isolamento e limitação de atividades do comércio se as pessoas são obrigadas a se aglomerar no transporte público. Da mesma forma, pouco adianta flexibilizar com restrições as atividades se ainda persistirem tais problemas graves na prestação do serviço de transporte piracicabano.

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