Dias das mães e o confinamento da quarentena

Por Ana Pascoalete |
| Tempo de leitura: 3 min

Dois mil e vinte está sendo vivenciado como um ano cheio de desafios para toda a população e, dessa vez, vamos falar sobre o Dia das Mães durante essa quarentena, momento esse em que as famílias habituadas a se unirem e compartilharem seus laços afetivos por meio de almoços em casa ou restaurantes - recheados de toques para escancarem demonstrações de amor -, sentiram-se confusas e, até mesmo, conflitantes.

Afinal, para os filhos que não moram com suas mães esse ano não foi possível comemorar e tal fato tende a promover intensos sentimentos de frustração, tristeza e culpa, principalmente nessa fase em que o medo e as incertezas estimulam a busca de amparo e conforto nos familiares. Então, com certeza, entre muitos indivíduos foram vivenciados o conflito entre o sentimento de querer estar perto e a razão de que para a preservação dos entes queridos, principalmente, idosos ou pessoas com comorbidades, a melhor decisão foi a de manter o distanciamento social.

Mesmo diante da saudade foi necessária a consciência de que para evitar a sensação de mal-estar em não poder, no Dia das Mães, estar com ela ou com a avó, ou demais membros da família, é que muitas pessoas passaram e sentiram algo semelhante ao que você também pode ter sentido.

O distanciamento social foi para a maioria uma escolha amorosa visando justamente a proteção da saúde contra um inimigo invisível que, diariamente, promove o aumento das vítimas fatais. Com certeza não foi uma escolha fácil a ser concedida, porém o distanciamento foi a melhor garantia para a preservação e segurança evitando o contagio da covid-19.

Por outro lado, para aquelas pessoas que têm o privilégio de morar com suas mães e puderam compartilhar bons momentos com a comemoração do Dia das Mães, ocorrida durante a pandemia, não é necessário sentir nenhum desconforto, pois se foi possível viverem esse confinamento social juntos e contemplarem desse momento de comemoração, entendo como a oportunidade em ambos de bem-estar, pois a manutenção da saúde psíquica, quando possível, em períodos difíceis, torna-se fundamental para o enfrentamento da irritabilidade, tristeza, insatisfação.

Esses detalhes vão auxiliar na leveza de momentos com tamanha turbulência que ainda poderemos vivenciar. Vale evidenciar que quando existe amor, a distância não é obstáculo para sua expressão, portanto para os filhos e mães que não puderam estar juntos foi possível comemorar de formas criativas, por meio de vídeochamada almoçando, inclusive, juntos, mas cada um da sua casa. Teve ainda os que mandaram entregar o prato favorito, flores, presentes, que quando recebidos, passaram por orientações devidas de higienização, garantindo a segurança por meio dessas ações carinhosas de filhos, netos. Ainda para os que tiveram as dicas inviabilizadas nesse último Dia das Mães por diversos fatores, inclusive financeiro, bastou uma ligação para expressar o tamanho da representação do amor pela mãe, pois certamente esse é o melhor presente que uma mãe pode almejar receber por tanta dedicação e cuidados prestados no decorrer da existência do seu filho.

O isolamento social em tempos de pandemia tem direcionado uma grande lição para a humanidade, de que precisamos de pouco para sermos felizes e a demonstração de amor pelo próximo tem sido evidenciada pelo mundo por meio de atos surpreendentes de compaixão. Que esse grande aprendizado possa seguir nas ações humanas quando toda essa pandemia acabar, perpetuando na existência os nossos melhores sentimentos, mesmo quando a distância surgir como uma condição em nossos caminhos.

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