A Páscoa celebra a vida. Esta festa cristã é comemorada em família com a partilha da refeição e dos votos de fé, agradecendo a ressurreição de Cristo.
Em tempos de coronavírus, no entanto, alguns rituais pascais foram prejudicados. Não foi possível a realização das tradicionais encenações da Paixão de Cristo na Semana Santa. Famílias encontram-se em isolamento. O distanciamento social fez filhos evitarem visitas aos pais, especialmente os de idade avançada. Muitas crianças ficaram impedidas de conviver com avós. Missas, cultos e celebrações religiosas foram cancelados. Até as cerimônias celebradas pelo Papa Francisco não tiveram público e foram transmitidas por rádio, televisão e internet.
A falta da convivência física, todavia, não pode arrefecer nossos ânimos. Os princípios fundamentais de conduta celebrados nesta época devem se sobrepor a circunstâncias temporais e passageiras. A fé, o amor ao próximo, a solidariedade, a superação, a resiliência e a esperança são valores universais que devem ser vivenciados hoje de maneira mais forte do que antes.
É necessário vencer o medo e tomar medidas práticas para o enfrentamento da realidade. Todos podem colaborar e se empenhar. É preciso que a sociedade trabalhe em conjunto, com os órgãos públicos aliando-se à iniciativa privada. As políticas públicas não devem apenas focar a pequena parcela de pessoas que já têm poupança reservada para tempos de crise. A grande maioria da população não dispõe de recursos para sobreviver por meses consecutivos sem trabalhar. É preciso pensar em todos, e em especial naqueles que possuem menores condições financeiras para enfrentar a crise sanitária e a econômica que tendem a piorar.
As decisões precisam ser tomadas para o agora e para o futuro. Os governantes não podem simplesmente se isolar das demandas reais da população. Devem pensar em salvar vidas, mas não só agora. É dever também pensar em como manter a sobrevivência das vidas amanhã e no futuro próximo. A prioridade deve estar nas crianças e nos jovens, bem como na adoção de condições que possibilitem o cuidado mais adequado dos idosos.
Cada cidade tem características próprias que devem ser levadas em conta num plano de ação que atenda da melhor forma toda a população do município. Piracicaba pode e deve ter um plano estratégico próprio, independente daquele pré-concebido pelo governador do estado. O plano estadual não pode servir como escudo para que as reais demandas do município sejam desconsideradas.
A renovação da política municipal de combate ao coronavírus deve começar agora, com a força do espírito do renascimento. O poder público deve consultar as principais entidades privadas da cidade para propor um plano de metas que enfrente os problemas advindos da crise do coronavírus, minimizando os prejuízos para todos os piracicabanos. Para salvar vidas é necessário combater o coronavírus e preservar o sustento das pessoas. Isso só será possível com um plano efetivo de preservação do trabalho e dos empregos dos piracicabanos.
Que o espírito da Páscoa traga a luz a todos nós!