Os efeitos do isolamento e do pós-isolamento

Por Francisco Ometto | 21/03/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Estamos num momento de crise ou de oportunidade? O cenário atual, que, paradoxalmente está tirando muita gente da zona de conforto, ao mesmo tempo nos remete ao questionamento sobre os efeitos do isolamento a que estamos submetidos e, mais além, como será “o mundo” depois que tudo isso acabar. Vamos abordar tudo isso no artigo desta semana.

Primeiro, precisamos lembrar que tivemos epidemias extremamente piores no Brasil, como por exemplo, a gripe espanhola, em 1918, que atingiu o Rio Grande do Sul e matou um número muito grande de pessoas, além de outras epidemias. Neste mundo conectado, mais sensível, teremos muitas consequências culturais, econômicas, políticas e sociais, como sempre foi depois de grandes catástrofes no mundo. Após a Peste Negra, por exemplo, tivemos o Renascimento, após as duas grandes guerras mundiais, muitas mudanças… Aqui também teremos alterações exponenciais envolvendo a visão da população sobre a saúde, sobre os governantes, sobre o valor da vida, sobre a própria mente e sobre comportamentos.

Não podemos profetizar sobre o futuro, mas temos indícios e precisamos trabalhar neles. A globalização é o primeiro sinal. Não temos mais um simples comércio mundial globalizado. Temos dependências de um país com o outro, envolvendo os mais diversos tipos de produtos. Economia localizada não existe mais como era antes e isso, claro, traz consequências.

Além disso, “olhos vão se abrir” para alguns costumes, pois as pessoas vão perceber que certas coisas são desnecessárias, como por exemplo, reuniões presenciais, ou seja, mudança de atitudes. Relacionamentos serão amadurecidos (ou destruídos) pela presença física em maior quantidade do que antes, estimulados pela constatação de que não estamos de “férias”. E aí vem uma grande dica: aproveite esta oportunidade de isolamento para usar melhor a internet, fazer cursos, se desenvolver, olhar para dentro de você com mais profundidade. As crianças devem ser informadas sobre o que está acontecendo com linguagem fácil e realista e, ao mesmo tempo, terem uma rotina com atividades, como se estivessem na Escola.

Transforme solidão em solitude, ou seja, isolamento em reflexão e oportunidade. Lembrando que estar acompanhado pode não ser ausência de solidão… O que você está fazendo com seu tempo, independente do cenário em que está vivendo? Podemos estar bem sozinhos, assim como podemos estar bem acompanhados. Uma coisa não deve excluir a outra, pois neste caso há algum problema que precisa ser resolvido.

Quanto às informações, só as oficiais. Fuja das fake news, que apenas produzem mais confusão e acirra a ansiedade e o medo. Procure livros bons para ler, bons cursos online. Dentro de casa, sempre há muito o que fazer, organizar. Enfim, o momento é de crescimento pessoal e profissional. Veja que até uma nova língua é possível aprender nesta fase! Os idosos podem ser ajudados a melhorar sua capacidade no mundo digital… O diálogo pode ressuscitar em algumas famílias e relacionamentos. A empatia pode ganhar maior espaço na humanidade. Enfim, isolamento tem um impacto emocional muito forte e pode trazer estresse, tédio, ansiedade, depressão e outros transtornos. Por isso, o importante é ocupar bem o tempo, nos desenvolvendo, abrindo nossa mente e contribuindo para que as outras pessoas se desenvolvam também.

Crise ou oportunidade?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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