A verdade sobre a fofoca...

Por Francisco Ometto | 07/03/2020 | Tempo de leitura: 3 min

O “Teste dos três filtros” foi atribuído ao filósofo Sócrates, um mestre reconhecido por sua sabedoria e considerado um dos maiores filósofos que já apareceram. Trata-se de uma sábia lição para todos nós. Diz a história que, certo dia, o grande filósofo se encontrou com um conhecido, que lhe disse:

  • Sócrates, sabe o que acabo de ouvir sobre um de seus alunos?
  • Um momento, respondeu Sócrates. Antes de me dizer, gostaria que você passasse por um pequeno teste. Chama-se “Teste dos três filtros”.
  • Três filtros? Como assim?
  • Sim, continuou Sócrates. Antes de me contar o que quer que seja sobre meu aluno, é bom pensar um pouco e filtrar o que vais me dizer.
    O primeiro filtro é o da Verdade. Estás completamente seguro de que o que me vai dizer é verdade?
  • Bem, acabo de saber. Me contaram…
  • Então, sem ter uma comprovação de que é verdade, ainda assim quer me contar?
    Vamos ao segundo filtro, que é o da Bondade. Quer me contar algo de bom sobre meu aluno?
  • Não, pelo contrário.
  • Então, interrompeu Sócrates, independente de ser verdade ou não, queres me contar algo de ruim sobre ele?
    Ora veja! Ainda podes passar no teste, pois resta o terceiro filtro, que é o da Utilidade. O que queres me contar é algo útil?
  • Acho que não…
  • Portanto, concluiu Sócrates, se o que você quer me contar pode não ser verdade, não ser bom e pode não ser útil, então… para que contar?

Existe explicação para o fato de algumas pessoas gostarem de fofocar, julgar ou apontar o erro dos outros? Sim, existe! Várias carências “justificam” estas atitudes, que podem nascer do amor ou do ódio.

Uma fofoca pode ter a intenção de agredir uma pessoa e isso pode vir de várias fontes: inveja, ciúme, lixos emocionais acumulados, frustrações ou outros transtornos.

Entretanto, a fofoca pode ser motivada não apenas pela necessidade de atacar ou ferir alguém. Quem faz a fofoca pode estar sendo levado pelo prazer de projetar em si algo que o outro viva ou tenha. Isso explica, por exemplo, o fascínio das pessoas pela vida de artistas ou de pessoas famosas e também explica – por consequência – o grande sucesso de programas de televisão, revistas, redes sociais ou de outras mídias que exploram esse tema.

E, finalmente, atrás de uma fofoca, pode estar também aquela vontade gerada pela necessidade de comentar alguma coisa de outra pessoa, o que, na verdade, pode ser um problema ou uma dificuldade da própria pessoa que está fofocando ou criticando. O que ela faz, na verdade, é comentar sobre si mesma, “usando” a outra pessoa e isto ocorre porque fica mais fácil falar do outro do que de si mesmo ou, então, “terceirizar responsabilidades”, culpando ou atacando o outro.

Independente de onde “encaixamos” a fofoca ou a crítica, não estamos tratando de algo saudável ou positivo para corpo e mente. Quem faz fofoca, julga ou aponta erros dos outros, precisa entender que está prejudicando ainda mais sua saúde mental e, consequentemente, física.

Fica também, como reflexão para todos nós, uma famosa frase de Freud sobre o tema de hoje: “Quando Pedro me fala de Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo…”

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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