Masturbação infantil

Por Luiz Xavier | 05/03/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Hoje trago pra vocês uma entrevista da jornalista cultural e especialista em assuntos relacionados ao universo feminino, Amanda Serra, a respeito da masturbação infantil:

“Brincadeiras sexuais na infância e masturbação infantil fazem parte do processo de descoberta da sexualidade e do corpo da criança. Mas o que são, exatamente? É quando a criança começa a brincar com o próprio corpo ou observa o do amiguinho ou da amiguinha”.

De acordo com a pediatra Sylvia Kowalski Pereira, não há nada de errado com o comportamento sexual dos filhos. “Não é necessário reprimir, mas, sim, orientar e explicar que somente a criança pode se tocar de determinada forma, e que essa ação deve ser feita em lugar íntimo, não em público. Essa descoberta do corpo acontece dos 18 meses aos três anos, quando começamos a tocar nossas genitais e a descobrir o prazer nessa autoestimulação, ou seja, a masturbação. Não é um ato consciente de obter prazer, mas é natural, já que se tratam de órgãos – vulva, pênis, clitóris – que possuem terminações nervosas que provocam prazer. É um autoconhecimento e essa descoberta também tem um período de intervalo, de acordo com o crescimento. Por exemplo, entre os seis ou sete anos, as crianças passam a ter nojo de suas partes íntimas e param de se tocar. Isso ocorre naturalmente e faz parte do desenvolvimento”.

“As brincadeiras são uma observação do corpo do outro e, às vezes, envolve tocar a parte íntima. Elas surgem a partir do momento que a criança passa a interagir com outras. Geralmente, dos quatro aos seis anos. É uma atitude espontânea, com autorização do outro. A criança quer ver se o amigo tem a mesma ‘coisa’ que ele. Não tem um apelo sexual ou sentimento de desejo. É um comportamento normal, de observação, de curiosidade. Também não denota homossexualidade ou heterossexualidade. Pode ocorrer entre crianças do mesmo sexo. Elas apenas confirmam e conferem diferenças”.

“Segundo a psicoterapeuta Andreia Calçada, quando a criança descobre a masturbação ou as brincadeiras sexuais, não há mudança de comportamento. Mas é preciso verificar se a idade das crianças envolvidas é a mesma e se os atos não estão sendo excessivos ou ocorrendo em público. Quando a masturbação se torna explícita, é preciso investigar. Nem sempre podemos associar a um abuso sexual, às vezes é só uma descarga de ansiedade ou algum conflito dentro de casa que ela esteja enfrentando, mas tem de ficar de olho. As repressões severas dos pais também podem intensificar uma masturbação mais explícita. Se a criança percebe que aquilo provoca uma angústia nos pais, ela vai querer fazer apenas para chamar atenção.”

“A curiosidade em relação à sexualidade só se torna preocupante quando existe exibicionismo, conotação sexual, coerção e chantagem de crianças das mais novas pelas mais velhas. Outra coisa também que não é comum é crianças usarem objetos para se masturbarem”.

“Como diferenciar de um abuso sexual: Crianças vítimas de abuso mudam o comportamento e tendem a ficar mais retraídas, caladas, tristes, depressivas, além segurarem as necessidades fisiológicas por mais tempo, algumas até param de fazer cocô. Na maioria dos abusos não há penetração e, normalmente, são praticados por pessoas próximas às crianças. É importante não haver negação caso ou filhos venham contar algo. Mas também deixar claro que eles podem confiar nos pais para contar caso alguém toque em suas partes íntimas”.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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