Carnaval com responsabilidade

Por Érica Gorga | 23/02/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Milhões de brasileiros vão brincar e pular o Carnaval. Os blocos de rua proliferam em todas as cidades. É época de alegria, descontração, otimismo, de festejar e extravasar as tensões.

Mas mesmo na festa não se pode deixar de lado a responsabilidade. Muitos associam o Carnaval ao uso exagerado de bebidas alcoólicas e outras drogas. As propagandas incentivam o consumo de álcool, que cresce nessa época do ano. Pinta-se um mundo cor-de-rosa, onde a bebida é celebrada como porta mágica para a alegria.

A realidade é que o consumo exagerado de álcool está associado a grande número de fatalidades. Pessoas que perdem o domínio de seus corpos e de suas ações envolvem-se em acidentes, brigas, violência, frequentemente indo parar em delegacias de polícia e hospitais.

Jovens entram em coma chegando ao óbito por excesso de bebidas alcoólicas muitas vezes aliadas ao uso de entorpecentes. Até crianças são incentivadas a beber precocemente. Relatório da Organização Mundial da Saúde aponta que metade dos adolescentes brasileiros de 13 a 15 anos já ingeriu bebida alcoólica ao menos uma vez. A idade média para experimentar o primeiro gole é de 12,5 anos, verdadeiro despautério.

A utilização do álcool em tenra idade é extremamente prejudicial ao desenvolvimento dos adolescentes. A lei é taxativa: vender ou fornecer gratuitamente bebidas alcoólicas a menores de 18 anos é crime. O adulto que o fizer poderá ser multado ou mesmo preso (detenção de 2 a 4 anos). Estabelecimentos comerciais que não seguem a lei podem ser multados ou interditados.

Dados recentes mostram que o consumo de álcool está crescendo particularmente entre as mulheres. O Ministério da Saúde apontou aumento de 42,9% no consumo abusivo de bebidas alcoólicas por elas nos últimos 13 anos. O consumo é maior na faixa de 18 a 24 anos. A ingestão excessiva de álcool deixa as mulheres mais vulneráveis e expostas a abusos sexuais.

O comércio de álcool é tão lucrativo nessa época que abundam as “fábricas” clandestinas de bebidas para venda durante o Carnaval. Policiais apreendem garrafas falsas de uísque, vodca e gin para distribuição em baladas e blocos de rua.

Os acidentes de trânsito são ainda mais frequentes durante o Carnaval. No ano passado, houve grande aumento no número de autuações por embriaguez na condução de veículos. Motoristas recusaram-se a soprar o bafômetro, sofrendo autuações. Dirigir alcoolizado é infração gravíssima, punida com suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) por 1 ano e multa de R$ 2.934,70. Neste ano, a novidade é que as autoridades utilizarão bafômetros que detectam a presença de álcool no sangue do motorista apenas por aproximação.

É preferível evitar dirigir. Foliões podem fazer uso de aplicativos de transporte quando ingerirem bebidas alcoólicas. O efeito perverso desta facilidade de locomoção é que muitas pessoas, por saberem que não vão dirigir, acabam se excedendo ainda mais no consumo do álcool. É aí que mora o perigo.

O consumo de bebida alcoólica deve ser feito de maneira responsável para não estragar a brincadeira e não causar sérios problemas tanto aos foliões como àqueles que preferem passar o Carnaval de maneira mais saudável.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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