Por não estar presente na cerimônia de colação de grau, amanhã, a ministra Tereza Cristina, do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), paraninfa dos formandos da Esalq/USP, encontrou-se com alunos ontem para reunião. Recebeu homenagens e enfrentou protesto. A ministra está a caminho de Berlim, para a Semana Verde.
“[O papel da Esalq] é fundamental, daqui são as cabeças que saem para continuar fazendo essa tecnologia e inovação que a agricultura brasileira só é o que é hoje porque tem grandes universidades como a Esalq”, afirmou a ministra.
Compuseram também a mesa o reitor da USP, Vahan Agopyan; o prefeito Barjas Negri; o direitor da Esalq, Durval Dourado Neto; a pró-reitora de Cultura e Extensão da USP, Maria Aparecida Machado, e o 1o titular da Cátedra Luiz de Queiroz, Roberto Rodrigues. A ministra recebeu homenagens da Associação dos Ex-Alunos da Esalq; da ouvidoria do campus e da Esalq.
De acordo com alunos ouvidos pelo JP, a decisão da escolha da ministra para paraninfa das turmas foi feita pela diretoria da universidade e, ao ser proposta, a Comissão de Colação de Grau a aceitou, conforme informou Thaís Alves Sousa, tesoureira da comissão. Desta forma, como não houve votação direta, os alunos ficaram divididos. Ao todo, são 294 formandos de sete cursos.
Durante período de perguntas e respostas, Nara Perobelli, 22, formanda de gestão ambiental, protagonizou protesto ao ler texto no qual caracterizou o projeto do governo federal “fundamentado e sustentado no capital e na desigualdade”. “Não representa a nenhuma ou nenhum de nós, uma paraninfa ou paraninfo que, do alto cargo de liderança que possui, escolha fazer política dessa forma”, leu.
Ao responder, Tereza Cristina enfatizou que o Brasil vive uma democracia e que respeita o ponto de vista da formanda.
Para Camilla Noel da Silva, 24, formanda de engenharia florestal e ex-coordenadora nacional da Associação Brasileira de Estudantes de Engenharia Florestal, a escolha não representa todos os alunos, pois parte não concorda com a política do governo federal.
“Todo mundo tem acompanhado quais são as notícias que estão vindo da parte agrária do nosso país. A ministra tem um papel muito central nessas políticas dentro do Mapa, na liberação de diversos agrotóxicos que são proibidos na Europa e tantos outros lugares”, comenta.
A ministra foi questionada pelo JP, antes da reunião, sobre como analisa as críticas à sua gestão sobre a liberação de agrotóxicos. “Acho que as críticas sempre vêm, principalmente de pessoas que não são informadas. Esse é um assunto técnico e que a ciência trata muito bem. Estou aqui numa universidade de agronomia de excelência, onde esse assunto é tratado com a maior seriedade. […] O Ministério tem que aprovar e ele só aprova. Nós temos a OCDE (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico), que hoje o Brasil está buscando fazer parte. Então, nós temos que conviver com as regras internacionais”, pontuou.
Para Gustavo Henrique Peretti, 23, de engenharia agronômica “é sempre muito interessante pra gente que está dentro da área da agricultura ter uma representação por parte do governo e eles demonstraram que estão prestando atenção no pessoal que está saindo [da universidade]”.