Kelma Jucá

De crisálida à borboleta

Por Kelma Jucá, Jornalista | 11/08/2022 | Tempo de leitura: 2 min

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Kelma Jucá

Fiquei muda. Mudei por dentro. E resolvi mudar de mala e cuia. Pela quinta vez, atualizo o meu endereço residencial. E, mais uma vez, altero o meu estado civil. E a vida não é isso? Fechar e começar ciclos?

Tudo que é vivo muda. E só muda por que está vivo. Ainda assim, fazemos de nós mesmos reféns do antigo padrão, daquela velha opinião formada sobre tudo. Crescemos, mas queremos continuar a vestir a mesma roupa que já não tem mais aquele caimento nem aquela cor. Insistimos em usar aquele trapinho que mal nos cobre as vergonhas. Sem saber que estamos expostos.

É que a gente se acostuma com uma versão nossa que não existe mais. Num belo dia, sem hora marcada ou aviso prévio, o nosso sistema pessoal é atualizado e a gente fica travando a fluidez de todo o funcionamento da “máquina”, pois ficamos meio que perdidos com o nosso upgrade interno. Dá um medo danado sair de um lugar conhecido e caminhar de encontro ao mistério daquilo que não sabemos se dará frutos ou flores.

Parece o ciclo de uma borboleta. Ela fica no quentinho e no aconchego do casulo para amadurecer. Ela, porém, sabe o timing perfeito para romper a pele que lhe protege, abrir as asas e voar. Uma borboleta não treina para se tornar um animal que voa. Ela sabe que pode voar. E voa.

Entre o estágio de lagarta até tornar-se borboleta, ela é crisálida. Se ao se desenvolver por completo, ela insistir em ficar no conforto do casulo conhecido, por medo de voar, ela morre.

Somos um pouco borboleta. Inevitavelmente, iremos nos defrontar com fases que precisaremos deixar para trás e, assim, abrir espaço para um novo ciclo. Quando a gente chega nos segundos finais de crisálida, numa fase qualquer da vida, o que a vida espera da gente é que se voe.

Enquanto crisálidas, justo naquele momento em que estamos prestes a desbravar um campo até então inexplorado, a gente morre um pouquinho sempre que deixa de abrir asas para voar. Pode ser o medo de começar o projeto dos sonhos, mudar de profissão, abrir um negócio ou até casar. No meu caso, casar de novo.

Sair da fase de crisálida e se tornar borboleta é não desistir. É ter a certeza de que a vida é movimento, posto tudo que vive se move. Tipo borboleta. Só que com uma vantagem: podemos desfrutar de novos ciclos por diversas vezes tal qual uma metamorfose ambulante. Basta ter coragem.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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