Kelma Jucá

Como vai a geladeira?

Por Kelma Jucá, jornalista | 14/07/2022 | Tempo de leitura: 2 min

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Kelma Jucá

Sem que para isso ruborize a face, admito que há alguns meses empurrava sempre adiante a tarefa subestimada de limpar a geladeira. E foi com incalculada relutância pessoal, em parte motivada pela minha tendência contemplativa ao ócio, que me rendi ao dever doméstico.

Imbuída de uma fugaz coragem de enfrentamento à procrastinação vulgar, logo após um café da manhã preguiçoso, me lancei à guerra da faxina sem qualquer planejamento prévio. Como a missão parecia trivial, não vi a ameaça que seria ao meu almoço de domingo deter atenção sem medida ao eletrodoméstico branco. Abri os trabalhos por volta das 12h30min e só consegui dar o caso por encerrado às 15h25min.

Deixo o registro, portanto, sobre a importância de se programar para uma limpeza na geladeira. Recomendaria anotar na agenda. Para aqueles antissociais, pode ser uma boa desculpa do tipo: “Hoje, não posso ir. Vou limpar a geladeira”. Serve como uma pequena mostra de compromisso consigo mesmo, senso de autocuidado e boa higiene.

Como não sabia por onde começar no asseio da geladeira, usei a lei da gravidade a meu favor e fui retirando as prateleiras mais superiores para lavagem e análise do que deveria ou não permanecer no refrigerador. E, sem grande pretensão, imprimia o meu método 5S de organização – por certo, longe do rigor e da qualidade do sistema japonês, mas com o seu valor próprio.

Descobri, por exemplo, que o meu sofrimento em fazer caber alguns potes mais altos era facilmente resolvido com uma marota regulagem de altura entre as prateleiras. De tão simples, eu nunca pensara nisso! Imagine ter o poder de diminuir o tamanho dos próprios problemas – com um embate ou com um “gelo”?

Limpar a geladeira foi sair da inércia. Com este movimento, deixei para trás a procrastinação e a sensação de derrota. Eu passei a dominar a mim mesma, a minha mente relutante em começar uma tarefa considerada entediante, monótona e sem louros. Quem além de mim mesma, morando sozinha, iria ver o trabalho impecável que me tomou horas de um domingo?

Uma geladeira limpa e organizada poderia ser considerada termômetro para a saúde mental do cidadão. Uma vida em harmonia pede uma geladeira com variedade de alimentos frescos e saudáveis, além de uma assepsia adequada.

E se cada prateleira da geladeira representasse um aspecto da nossa vida? Quando o nosso interior estivesse organizado e com o pensamento em ordem, a gente poderia parafrasear aquele bordão famoso dos anos 1990: “A vida tá assiiiim... uma Brastemp!”.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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