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Circulação no Oceano Atlântico atinge o menor nível em mil anos e pode levar tempestade, seca e ondas de calor para a Europa

Por Agência O Globo |
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Um sistema de circulação oceânica que transporta água quente de superfície da Corrente do Golfo para o Atlântico Norte está no seu ponto mais baixo dos últimos mil anos. O continente, nesta situação, está mais sujeito a fenômenos extremos, como tempestades, secas e aumento das ondas de calor. Cidades da Costa Leste dos EUA, como Nova York e Washington, poderiam sofrer com o aumento do nível do mar.

Conhecido como Circulação Meridional de Capotamento do Atlântico (Apoc), o sistema pode ser reduzido em cerca de 34% a 45% até o final do século, o que o aproxima de um "ponto de inflexão", ou seja, em que perderá totalmente a estabilidade. O panorama foi retratado em uma pesquisa publicada esta quinta-feira na revista Nature Geoscience.

— Em um período de 20 a 30 anos, é provável que este sistema enfraqueça ainda mais e isso inevitavelmente influenciará nosso clima, então veríamos um aumento nas tempestades e ondas de calor na Europa e no nível do mar na Costa Leste —os EUA - descreveu o climatologista Stefan Rahmstorf, do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático, ao Guardian.

Rahmstorf e cientistas das universidades Maynooth (Irlanda) e College London (Reino Unido) estudaram sedimentos de gelo da Groenlândia, que revelam padrões climáticos de outros períodos, e concluíram que o atual enfraquecimento da Apoc não foi visto pelo menos nos últimos mil anos.

No Atlântico Norte, a água quente que vem do Golfo e do Norte do Brasil esfria e se torna mais salgada até afundar ao norte da Islândia, que extrai mais água quente do Caribe. Essa circulação é acompanhada por ventos que também ajudam a trazer clima ameno e úmido para a Irlanda, Reino Unido e outras partes da Europa Ocidental.  O enfraquecimento deste sistema segundo cientistas, é resultado do aquecimento global.

- Corremos o risco de desencadear (um ponto de inflexão) neste século, e a circulação diminuiria no próximo século. Não podemos ter sequer 10% de chances de que isso aconteça, isso seria inaceitável. Precisamos parar o aquecimento global - explicou Rahmstorf ao Guardian.

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