O sonho da casa própria acabou se transformando em dor de cabeça para clientes de uma imobiliária de Jacareí. A empresa está sendo denunciada por não repassar valores referentes à venda e à locação de imóveis, além de ser alvo de reclamações na internet e de apurações no Creci (Conselho Regional de Corretores de Imóveis).
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Uma das denúncias é da Andreia, que procurou a imobiliária para vender uma casa herdada pela família. O imóvel, que ainda está em processo de inventário, foi anunciado por R$ 140 mil e vendido rapidamente. No entanto, segundo ela, após a negociação, surgiram irregularidades no contrato.
Andreia afirma que a imobiliária teria elaborado dois contratos diferentes: um entregue a ela e outro ao comprador. Em um dos documentos, consta que R$ 50 mil seriam pagos diretamente à imobiliária, via transferência bancária, a título de sinal, e os outros R$ 90 mil seriam depositados judicialmente. Já no contrato apresentado à vendedora, o pagamento integral deveria ocorrer exclusivamente por meio de depósito judicial, condição que também era de conhecimento do comprador.
De acordo com Andreia, a imobiliária teria se apropriado indevidamente dos R$ 50 mil, valor que, segundo ela, não fazia parte do acordo original. “Exigi a devolução do dinheiro e uma explicação sobre a existência de dois contratos, mas nunca fui esclarecida”, afirmou em entrevista à TV Record.
Ainda segundo a denunciante, a imobiliária chegou a informar que devolveria o valor, o que não aconteceu. “Ela disse que não tinha mais o dinheiro, que já havia usado”, relatou.
O caso foi registrado na Polícia Civil como estelionato. Uma denúncia também foi formalizada no Creci, que abriu processo administrativo para apuração. Caso fique comprovada a prática de irregularidades, a imobiliária poderá sofrer multa, suspensão de até 90 dias ou até o cancelamento definitivo da inscrição profissional.
Segundo o presidente do Creci, o processo está em andamento e o julgamento deve ocorrer em janeiro. Ao todo, nove denúncias envolvendo a mesma imobiliária já foram recebidas pelo Conselho.
“Isso não pode acontecer de maneira nenhuma. É preciso endurecer a legislação para permitir a suspensão imediata e até a lacração do escritório. Não é possível que tantas pessoas sejam prejudicadas”, afirmou o presidente.
Além do caso de venda do imóvel, há também denúncias relacionadas à locação. Pelo menos cinco reclamações foram registradas na internet nos últimos sete meses, envolvendo atrasos no repasse de valores de aluguéis pagos por inquilinos.
Uma advogada que representa outra vítima afirmou que os atrasos se agravaram recentemente. “Notificamos a imobiliária para cessar os atrasos, mas nos últimos dois meses o repasse simplesmente não ocorreu”, disse.
Por meio de nota, a imobiliária afirmou que não compactua com práticas irregulares. Em relação à venda do imóvel de Andreia, informou que o caso está em análise no âmbito do Creci e que a defesa já foi apresentada. Sobre as denúncias envolvendo locações, declarou que não há registro formal de reclamações sobre atraso no repasse de aluguéis.
A Secretaria de Segurança Pública informou que o caso segue em investigação.