Dezesseis mulheres são vítimas de violência, incluindo o crime de homicídio, no estado de São Paulo a cada hora -- um caso a cada três minutos, aproximadamente.
O levantamento foi feito por Vivacità com base nos dados oficiais da SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública). A pasta registra 138,8 mil ocorrências de violências cometidas contra as mulheres entre junho de 2021 e maio de 2022.
São 17 tipos diferentes de violência, incluindo o feminicídio (assassinato por ser mulher), homicídio e lesão corporal dolosa. Também há estupro, ameaça e maus tratos. No caso dos feminicídios, no qual a vítima é morta pela condição feminina, o estado registra 121 casos em 12 meses, sendo 75 no interior. Há ainda 236 registros de homicídio doloso, que exclui o feminicídio, sendo 127 no interior. Com isso, o total de mulheres assassinadas foi de 357 nos últimos 12 meses, quase uma por dia em São Paulo.
O número de mulheres estupradas também continua elevado, com 2.372 crimes consumados e 483 tentados. Já contra as vítimas vulneráveis, o total de estupros salta para 8.256, com mais 244 tentativas. Há ainda 850 casos contra a dignidade sexual das mulheres.
Feminicídio.
Entre 2015 e maio de 2022, 39 mulheres morreram no Vale do Paraíba em casos de feminicídio, no qual a vítima é morta pela condição de ser mulher. Dá quase uma morte de mulher a cada dois meses. Os dados fazem parte do portal da transparência da SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública). O ano mais violento da série histórica foi 2019, com o registro de 11 mortes de mulheres no Vale como feminicídio.
“Vivemos numa sociedade muito violenta, com aumento dos casos de misoginia, machismo e intolerância. A mulher é a parte mais frágil nessa história. Muitas estão pagando com a vida”, disse a cientista Política e Social Dora Soares.
Perfil.
Mulheres brancas (76%), solteiras (58%) e com o primeiro e o ensino médio completos (33%) compõem o perfil mais comum das vítimas de feminicídio na região entre 2015 e 2022. As mulheres pardas foram 18% das vítimas e as pretas e amarelas, 3%.
Quanto à escolaridade, as vítimas com o ensino fundamental e o ensino médio incompletos foram 13% dos casos. Sobre o local do crime, 62% das mortes ocorreram na residência da vítima, com a via pública em seguida (22%).
Em três casos, o autor do crime se matou após cometer o feminicídio. As casadas foram 27% das vítimas e as mulheres em união estável, 8%. Em quase todos os casos, a morte foi causada por conflito no relacionamento amoroso, como ciúme, rejeição ao término ou sentimento de posse.