Saúde

Entidade alvo do MP assina novo contrato de terceirização com a Prefeitura de Taubaté

Por Da Redação |
| Tempo de leitura: 3 min
PA (Pronto Atendimento) do Cecap, em Taubaté
PA (Pronto Atendimento) do Cecap, em Taubaté

Alvo de duas ações de improbidade administrativa por parte do Ministério Público por sua atuação em Taubaté, o Iesp (Instituto Esperança) assumiu esse mês a gestão de mais uma unidade de saúde do município.

No dia 11 de julho, Prefeitura e Iesp assinaram contrato para terceirização da administração do PA (Pronto Atendimento) do Cecap. O instituto receberá R$ 10 milhões por ano.

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Dois dias depois da assinatura do contrato, no dia 13, o Iesp já assumiu em definitivo a gestão da unidade.

Das quatro licitações abertas pela Prefeitura para a terceirização da administração das unidades de urgência e emergência do município, essa foi a segunda vencida pelo Iesp. A primeira foi a do PSM (Pronto Socorro Municipal), cuja gestão passou para o instituto em 19 de abril, a um custo de R$ 44,8 milhões por ano.

As outras duas unidades da lista passaram a ser geridas por outras entidades: o INCS (Instituto Nacional de Ciências da Saúde) assumiu a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) San Marino em 1º de maio, a um custo de R$ 26,5 milhões ao ano; e a Santa Casa de Misericórdia de Chavantes assumiu a gestão da UPA Santa Helena em 15 de maio, a um custo de R$ 20,791 milhões por ano.

EMERGENCIAL.
A primeira ação do MP, protocolada em 28 de junho, tem como foco o contrato emergencial firmado entre Prefeitura e Iesp no fim de fevereiro, que começou a ser executado em 1º de março.

Por esse contrato, o Iesp disponibilizaria médicos para as quatro unidades de urgência e emergência por até seis meses, a um custo que poderia chegar a R$ 14,932 milhões no período – como as quatro licitações foram concluídas antes, o instituto chegou a receber apenas R$ 6,111 milhões por esse contrato emergencial.

Nessa ação, a Promotoria alega que o prefeito José Saud (MDB), o secretário de Saúde, Mario Celso Peloggia, o ex-secretário adjunto de Saúde Fabricio Grasnele Galvao Velasco, que deixou o cargo em junho, e o diretor de Saúde, Fabio Henrique da Cruz, forjaram a situação de emergência, já que tinham ciência desde o início de 2021 de que o contrato de terceirização dos médicos se encerraria em fevereiro de 2022, mas apenas no fim do ano passado abriram as novas licitações.

LICITAÇÕES.
A segunda ação do MP, protocolada dia 11 de julho, aponta supostas irregularidades nas licitações para terceirizar a gestão do PSM, das UPAs Santa Helena e San Marino e do PA do Cecap.

Entre as supostas irregularidades apontadas estão: transferência para a iniciativa privada de toda a gestão, operacionalização e execução de serviços essenciais de saúde, o que seria proibido por lei; não realização de estudos que comprovassem a insuficiência do serviço e a impossibilidade de ampliá-lo sem o auxílio da iniciativa privada; falta de aval do Comus (Conselho Municipal de Saúde) para as terceirizações; qualificação de duas entidades (Iesp e INCS) como Organizações Sociais, sem que as mesmas atendessem todas as exigências da legislação municipal; prejuízo aos cofres públicos, pois os médicos terceirizados receberiam salários superiores ao piso da Prefeitura; quarteirização de serviços; e falta de controle sobre a frequência dos profissionais, o que possibilitaria casos de funcionários fantasmas.

PROCESSOS.
Os dois processos tramitam em sigilo na Vara da Fazenda Pública. Em ambos, o MP pede a adoção de uma série de medidas liminares contra os denunciados, como afastamento dos cargos por 90 dias, bloqueio dos bens e quebra dos sigilos fiscal, bancário e de dados do prefeito, do secretário, do ex-secretário adjunto, do diretor de Saúde, do Iesp e do INCS.

A Promotoria pede ainda, em caráter liminar, que sejam suspensos os contratos de terceirização da gestão das unidades e que a Prefeitura reassuma a administração delas. Os pedidos liminares ainda não foram apreciados, segundo apuração da reportagem.

Ao fim dos processos, o MP pede que Saud, Peloggia, Velasco e Cruz sejam condenados à perda da função pública, suspensão dos direitos políticos por até 12 anos, pagamento de multa e também de indenização por danos morais coletivos.

A Prefeitura e o INCS negam as supostas irregularidades apontadas pela Promotoria. O Iesp ainda não se pronunciou sobre as denúncias do MP.

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