Guilhermo Codazzi

Chuva e sol? Casamento de espanhol!

Por Guilhermo Codazzi é jornalista e editor-chefe de OVALE | 24/06/2022 | Tempo de leitura: 2 min

Chuva e sol? Casamento de espanhol!
Chuva e sol? Casamento de espanhol!

Chuva e sol?

Casamento de espanhol!

Olha, eu nunca soube o nome dos pombinhos, apesar da forte suspeita de que a noiva respondia por Paloma, porém, levo nos olhos da memória, do tempo de criança, a crença de que o casamiento foi celebrado em grande estilo, com direito a um arco-íris esplêndido enfeitando e colorindo o firmamento.

Já que o céu era o templo, teriam os anjinhos sido convocados para serem os coroinhas, tocando harpa com muita doçura? Seria justo, sejamos sinceros! Afinal, a flecha do cupido foi o pontapé inicial para que aqueles dois corações se tornassem um só.

Bela mira, Eros! No alvo!

E o buquê?

Havia sido colhido pela primavera, precipitando-se em chuva de pétalas --- é, isso, sem tormenta, sim, só calmaria. Na celebração celestial, o bem-casado teria granulados de cores variadas! E haveria ainda muito beijinho :)

Chuva e sol?

Casamento de espanhol!

Sol e chuva?

Casamento de viúva!

Lembra dessas parlendas?

Nada tenho contra os recomeços, pelo contrário, mas a verdade é que, desde menino, sempre achei mais simpática a primeira opção, coroada com o arco-íris. No entanto, como ensina o tempo, tanto o bom quanto o mau, nós precisamos estar preparados para as intempéries da vida, para dias de sol e os de chuva.

E é uma lição importante, creio eu, apesar de admitir: sou contumaz perdedor de guarda-chuvas! Verdade seja dita, não estou só. Esse é o campeão, o objeto mais esquecido por aí, dizem os especialistas em achados e perdidos. Eu sei que é chover no molhado, mas é curioso: a sombrinha é o item mais perdido e, consequentemente, o mais encontrado.

Isso lembra-me uma história de amor que é um achado, inesquecível! Soube dela por uma amiga, que é capaz de enxergar além do que se vê perdido por aí. Os protagonistas? Um casal de idosos.

Ao descobrir que esposa, companheira de vida, estava com a doença de Alzheimer, precisando ser submetida a uma série de cuidados especiais em uma casa de convivência, o marido tomou uma decisão importante: mudou-se para o asilo, para ajudar a cuidar da amada.

Tocados, funcionários da casa encontraram ali um espaço para que o homem pudesse continuar praticando o seu ofício.

Sabe qual é?

Consertar guarda-chuvas.

É, bem apropriado para o velho homem, prova viva de que -- faça chuva ou faça sol -- o amor tudo suporta. A previsão do tempo, o tempo todo, é que até mesmo no dia mais nublado ou na noite mais escura, o amor é so(l)zinho.

Apesar de tão esquecidos, cabe ao guarda-chuva um papel simbólico aqui, de algo que não devemos esquecer: somos chuva e sol -- ou seria sol e chuva?

Sol e chuva são a vida.

O que fazemos com ela?

Nós nos tornamos guarda-chuvas? Guarda-sóis? Arco-íris?

Afinal, qual é a previsão do tempo no céu da tua boca?

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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