Pandemia mês 16.
Enfrentamos há tanto tempo a maior crise humanitária da nossa história e, mesmo assim, não há sinal de mudanças no cenário político. As pesquisas apontam que pelo menos um terço da população do país segue idolatrando o genocida, não importando quantos parentes tenha perdido para a Covid em razão da negligência, das orientações criminosas e da omissão deliberada do capitão Cloroquina.
Tá ok, ta ok, estamos cansados de saber disso. E não há esperança.
Pandemia, mês 16.
O Brasil nunca foi o país do futuro, é verdade. O Brasil nunca será uma nação desenvolvida, é mais verdade ainda.
Cultuamos a nossa ignorância, adicionamos ódio racial e religioso à soberba, celebramos o "jeitinho" como o quinhão de corrupção particular de cada brasileiro.
A pandemia esbofeteou todas essas verdades na nossa cara.
E expôs, ao longo de 16 meses, que a negação da ciência é apenas mais uma faceta da pátria do cada um por si e Deus acima de todos.
Essa sim, é a verdadeira identidade da nação que caminha para estabelecer o recorde mundial de óbitos por Covid.
Pandemia mês 16
Estamos, possivelmente, mais amargos, mais circunspectos.
A maioria absoluta da população não sabe quando terá acesso à vacina.
Seguimos, mansamente. A maioria apenas tentando sobreviver. Feito gado. Os que vão para as ruas são os outros, os que querem incendiar o país, o que querem destruir a democracia, os que querem a volta da tortura.
São eles que representam o país hoje. São eles que verbalizam e projetam o nosso "futuro". Aqui não cabe mais nem mesmo a alegoria daquele surrado poema de Maiakovski que alertava sobre o risco representado por aqueles que roubam a primeira flor do nosso jardim.
Pandemia mês 16
No tempo das milícias digitais, jornalistas seremos, cada vez mais, como pregadores no deserto.
Se fosse o Manuel Bandeira, diria que a única coisa a fazer é mandar tocar um tango argentino..