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Projeto tira garotas de programa das ruas em São José

Por Danilo Alvim@DaniloAlvim_ |
| Tempo de leitura: 2 min
Vida nova. Sharon Rodrigues, 27 anos, cuida do estoque de um restaurante
Vida nova. Sharon Rodrigues, 27 anos, cuida do estoque de um restaurante

Longe da prostituição e das drogas, garotas de programa buscam o recomeço no mercado de trabalho. O projeto 'Ruas para Cristo', coordenado pelo Instituto Jump, trouxe um novo rumo para a vida destas pessoas em São José dos Campos. Há três anos vem oferecendo oportunidades de emprego e já tirou oito mulheres das ruas.

"A ideia de ajudar essas mulheres surgiu com a necessidade das garotas que precisam, muitas vezes, vender seu próprio corpo para o sustento. Nós vamos para a rua todas as sextas-feiras abordar as meninas, levando uma palavra de incentivo e gerando relacionamento. Nosso prepósito é oferecer uma nova opção para elas e saber se realmente há a necessidade de ajudar", disse o pastor Guilherme Gonçalves, diretor do Instituto Jump.

Sharon Rodrigues de Oliveira, 27 anos, ficou 15 anos na prostituição e há dois meses trabalha no depósito do restaurante Rei do Filé, onde cuida da parte de compras do estabelecimento. "Hoje, eu gosto do que eu faço. Trabalho de 10h até 23h. Final de semana eu saio, mas me prostituir não mais. Me dedico só ao serviço agora".

Ela diz que encontrou no projeto uma forma de superar o preconceito que enfrenta por ser travesti.

"Sou tratada igual a todos os funcionários. Sou vista de uma forma totalmente diferente. As pessoas podem me ver como travesti, mas não como um travesti que está se prostituindo. Tenho uma vida bacana. Não tenho vergonha de ir em shopping, mercado. Antes eu sempre andava de cabeça baixa. Para a sociedade o travesti só é prostituta. Não é dessa forma, tem travesti que trabalha, tem salário e se dedica ao trabalho. Aqui todo mundo me respeita".

Segundo ela, 95% de sua rotina mudou, após ter começado a trabalhar no restaurante. "Parei de usar drogas e beber. O que me levava a fazer programa era bebida e droga, não faço mais".

Há sete meses no projeto N.D.C, de 28 anos, ficou 9 anos na prostituição. Agora, é empregada em um restaurante da cidade com carteira assinada e renda fixa, ela vive outra realidade."Fui recebida de portas abertas. Na prostituição a gente se sente escondida. Passava a madrugada inteira na rua. Hoje, posso contar para minha família que trabalho. Antes era uma clandestinidade total. Vivia mudando de bairro. Passei por situações humilhantes e massacrantes. Usei drogas e peguei doenças sexualmente transmissíveis", disse N.D.C, de 28 anos, que integra o projeto.

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