Viver

As incorreções da boneca Emília

Por Paula Maria Prado @paulamariaprado |
| Tempo de leitura: 3 min
Emilia, por Manoel Victor Filho
Emilia, por Manoel Victor Filho

Como um alter ego de Monteiro Lobato, assim era a boneca Emília vivida por Zodja Pereira, em 1967. Dotada de um pensamento veloz carregado de um humor mordaz, a personagem lobatiana na época "botava para quebrar" na tela da TV Bandeirantes.

"A boneca Emília nunca foi uma brincadeira de criança. Monteiro Lobato era muito crítico para que sua criação fosse apenas uma diversão", disse a atriz. "Antes de fazer Emília, eu era Peter Pan dentro do "Sítio do Pica-Pau Amarelo". E, depois de 15 anos, o elenco teve um problema com a emissora e se desligou. Restou eu, que fiquei com a missão de assumir a personagem".

Na época, Zodja entrou em pânico, e contou com a ajuda da diretora para se acalmar e conseguir entrar em cena. "O programa era gravado, mas ia ao ar no mesmo dia às 18h. Ou seja, era desesperador", riu a atriz. "Depois as coisas se ajeitaram. E falar o texto da Emília não era difícil. Ela tem muito da minha personalidade também".

Essa é apenas uma das histórias farão parte da Roda de Conversa com Zodja, na quarta-feira, às 14h, no Centro Cultural de Caçapava. A atividade faz parte da Semana do Folclore da cidade, cujo tema é "Brinquedos de Pano".

"Nosso folclore brasileiro é considerado um dos mais ricos do mundo. E o objetivo é retomar a Semana do Folclore como forma de estimularmos nossa população a interagir com os bens culturais, materiais e imateriais do município", afirmou Fabrício Correia, secretário de Cultura, Esporte e Lazer.

Até o próximo dia 24 (quinta-feira), a cidade contará com oficinas para crianças com brincadeiras folclóricas (corrida de saco, corre cotia e queimada com bola de pano) e cineminha, com projeção de curtas-metragens "Turma da Mônica", "Bonequinha de Pano" e "Venha a minha Festinha".

EMÍLIA.

Ainda na quarta-feira, das 15h às 19h, no centro cultural, haverá uma oficina teatral para atores e dançarinos com Suzana Abranches, atriz responsável pela interpretação da boneca na versão da Rede Globo para o "Sítio do Pica-Pau Amarelo" entre 1983 e 1986.

"Eu tinha feito curso de interpretação e tinha visto o grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, com Regina Casé, e fiquei louca com eles. Depois descobri que Regina era minha vizinha de prédio. Virei a fã chata", diverte-se a atriz.

"Quando soube que havia um teste para a personagem na Globo, liguei para fazê-lo, mas me informaram que já tinham terminado as inscrições. No entanto, descobri que era o pai da Regina que estava fazendo a seleção. Então bati lá no apartamento dela para pedir o número de telefone dele", riu.

O teste foi reaberto na segunda apenas para que Suzana pudesse fazê-lo. "Eu não conhecia a obra de Monteiro Lobato, mas devorei-a no final de semana", contou. "E a partir dali foi uma loucura. Só para fazer a maquiagem levávamos 1h40. Gravava 72 horas por semana, além de decorar os textos em casa".

Suzana deu a Emília uma personalidade mais "adulta". "Quando a gente entra na televisão, por ser uma continuidade do trabalho de outras atrizes, há já uma formatação. Mas Emília era uma boneca políticamente incorreta. Ela enganava, tirava vantagens, era esperta, inteligente. Então seguimos por essa linha", disse.

A semana caçapavense termina com uma apresentação especial no Clube Recreativo Jequitibá com a peça "Bonequinha de Pano", único espetáculo teatral infantil escrito por Ziraldo, interpretado pela atriz Zezé Fassina.

Confira programação completa no site: www.cacapava.sp.gov.br..

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