Principal corredor do narcotráfico no Brasil, a 'Rota Caipira' corta o Vale do Paraíba e utiliza a região como ponto estratégico no mapa da droga no país -- tanto no varejo e no atacado. É o que aponta a PF (Polícia Federal).

Além de corredor, a região também é usada no atacado -- mercado que fornece droga para abastecer os traficantes, em uma larga escala -- como entreposto e ponto de distribuição dos entorpecentes. O material é vendido na conexão entre os dois maiores mercados consumidores brasileiros -- São Paulo e Rio de Janeiro -- e também para distribuição da droga para estados da região Nordeste.

Estima-se que 90% do armamento e do entorpecente que é vendido e usado no Rio de Janeiro passa pelo Vale, principalmente pela Via Dutra, a rodovia responsável por escoar aproximadamente 50% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro.

A rota também abastece os pontos de varejo -- venda direta aos usuários. "Há casos de apreensões grandes de entorpecentes, armas, munições..Casos que passam por aqui em direção a outros locais e também com distribuição aqui na região", declarou o delegado Alexander Machado, da PF de São José dos Campos. Na RMVale, região mais violenta de São Paulo, o tráfico está ligado a 80% dos assassinatos, segundo estimativa da polícia.

ROTA. Até chegar ao Vale, a droga percorre um longo caminho. Ela é produzida em países da América do Sul, por vizinhos como Paraguai, Bolívia, Peru e Colômbia.

O tráfico encontra brechas nos 16.886 quilômetros de fronteiras terrestres e o entorpecente é colocado em território brasileiro o Paraná e o Mato Grosso do Sul são duas das principais e mais usadas 'portas de entrada'. De lá, o material segue via terrestre, em ônibus (por meio das chamadas 'mulas'), carros ou caminhões até o estado de São Paulo, mais precisamente até o Vale. Da região, ele é então distribuído. Esta é a chamada 'Rota Caipira' do tráfico de drogas.