Ideias

O ÓDIOQUE NOSMOVE

Por Marcos MeirellesJornalista | 04/08/2018 | Tempo de leitura: 2 min

Vamos combinar. A maioria dos brasileiros acredita que o Brasil é um lixo. Se for da classe média, então, a posse de bola antibrasil soma mais de 80%. Goleada a la Guardiola.

O sonho de muitos é morar em Miami. Para ser um pouco mais cool, comprar um apê em Lisboa e virar cidadão europeu. Eis o Brasil de 2018. Desesperançado. Já estivemos em algumas encruzilhadas, em momentos supostos de decisão entre claro ou escuro, oito ou oitenta. E nos iludimos, com certeza, em relação à clarividência quase religiosa daqueles que nos prometeram o futuro. Que tristeza! Agora não temos, nem mesmo, como mirar o futuro. Tudo o que nos resta é escolher entre aqueles que, de alguma forma, estão presos ao passado. Falar disso em páginas de jornal já é, de alguma forma, pregar no deserto.

Mas vamos além, e percebemos que a tecnologia da informação à nossa disposição só estimula pogroms, guetos e toda a sorte de segregação social que se possa imaginar.

O Brasil de 2018 é o Brasil que nega a ditadura militar, o assassinato dos Herzogs nos porões da ditadura, o genocídio indígena, o crime perpétuo da escravidão. Você crê que esta é a narrativa de um candidato radical, sem ressonância na sociedade?

Olhe para os seus vereadores e para as suas Câmaras, olhe para as suas igrejas. Eles reproduzem diariamente o discurso do ódio e da discriminação, legitimados pela narrativa da defesa da família e dos supostos valores cristãos. Eu queria que o Brasil trilhasse o caminho da tolerância. Sem negar ou reparar, no entanto, os crimes históricos que foram cometidos pela perversidade de uma sociedade escravocrata, desigual e patrimonialista. Não obstante, nosso caminho é diverso. Nossas famílias e nossos círculos da amigos estão conflagrados pelo veneno das redes sociais. Nosso futuro, para quem não tem dinheiro para uma temporada longa em Lisboa, parece não existir. Para quem fica, o que resta é perseverar. Se for necessário, até torcer o nariz na hora do voto e barrar o triunfo do ódio. Vale a pena? Quem sabe? Eu preciso pensar no futuro do meu filho e isto certamente não passa pela negação do passado..

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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