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Pé de guerra: PCC faz mapa do CV no Vale e monitora facção inimiga

Por Guilhermo Codazzi@codazzi |
| Tempo de leitura: 3 min
Intervenção federal. Militares do Exército fiscalizam caminhão em blitz nas estradas do Rio de Janeiro
Intervenção federal. Militares do Exército fiscalizam caminhão em blitz nas estradas do Rio de Janeiro

O crime está em pé de guerra. As duas maiores e mais temidas organizações criminosas do país -- PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho) -- disputam o controle do milionário mercado do tráfico de drogas em vários estados, com cenas de barbárie, como o massacre no Complexo Prisional de Pedrinhas (MA), ocorrido em 2017.

Localizada entre as capitais de São Paulo e Rio de Janeiro, os dois principais municípios (e mercados consumidores de drogas) do Brasil e berços das facções hoje rivais, a RMVale também é uma trincheira dessa tensão entre o PCC e o CV.

Hegemônico em toda a região, a mais violenta de São Paulo, o PCC mapeou a presença de criminosos da facção carioca em território valeparaibano. As forças de inteligência policial, que monitoram o crime organizado, apontam que há o risco de uma matança. Após a rebelião ocorrida em 2017, os 'irmãos' chegaram a sequestrar os rivais.

"Na época, com a guerra com a FDN (Família do Norte) e CV, eles [PCC] sequestraram alguns aqui [no Vale]. E achamos que iriam matar os CVs, só que não mataram, só bateram", disse a OVALE um agente policial envolvido no combate ao PCC.

O conflito entre as duas organizações criminosas teve início há três anos. "Estão em guerra com o CV, o PCC quer dominar tudo. O Comando Vermelho, lá no Rio, está preocupado com a guerra com as milícias e o PCC tem se aliado a elas para enfraquecê-lo", completa o agente. E acrescenta: "qualquer problema novo com o CV, tenho a impressão de que vão mandar matar os que estão na região. Já estão todos mapeados".

MAPEAMENTO.

Atualmente, o CV se mantém presente em cidades na região do Vale Histórico, localizado na divisa entre os territórios paulista e fluminense, e ainda no Litoral Norte.  A presença dos integrantes do CV se dá por dois motivos: fuga e tráfico de drogas.

"Tem em Cruzeiro, Canas, Lorena, ali no Vale Histórico. São membros do CV que estão fugindo. No Litoral, em Ubatuba, eles têm biqueiras", informou o agente à reportagem.

Os membros da facção carioca, que é comandada por Fernandinho Beira-Mar, são oriundos das cidades fluminenses de Paraty (os que estão em Ubatuba), Volta Redonda e Rio (estão no Vale Histórico).

CRIME.

No caderno especial 'Documento OVALE', o jornal revelou que a força de inteligência policial monitora cerca de 80 membros já identificados do PCC nas ruas da região. A facção é a responsável pelo tráfico, seja no atacado ou no varejo, e está presente em pelo menos 7 das 12 unidades prisionais, onde estão mais de 12 mil presos.

Governo de São Paulo transferiu presos de organização carioca que estavam na região

O governo paulista determinou em 2017 a transferência de presos ligados ao CV (Comando Vermelho) que estavam aprisionados na RMVale, região com forte influência do PCC (Primeiro Comando da Capital), nascido em Taubaté. O objetivo foi evitar confrontos entre as organizações criminosas, como tem ocorrido em cadeias no Norte do país, com massacres em Manaus (AM) e Boa Vista (RR). Em agosto de 2018, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que foram presos mais de 600 integrantes da facção criminosa PCC em 2018.

"As forças de Segurança Pública de São Paulo combatem o crime organizado de forma continua e incessante. Com o uso de inteligência e tecnologia, a polícia paulista realiza diversas operações que, somente neste ano, culminaram na prisão de mais de 620 integrantes da organização criminosa, além de apreensões de armas de fogo de grosso calibre e drogas. Operações como essas atingem diretamente o poderio financeiro de organizações criminosas, limitando suas ações", diz nota enviada para OVALE.

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