Viver

Drauzio Varella prepara novo livro para 2021: 'Uma reflexão sobre o Brasil'

Por Agência O Globo |
| Tempo de leitura: 2 min
Drauzio Varella
Drauzio Varella

Em um ano que suscitou tantas reflexões e nos obrigou a repensar certos conceitos da vida moderna, teve gente transformando isolamento social em inspiração para escrever um livro. No caso, o 17º de sua trajetória.

Drauzio Varella prepara o lançamento de um novo título para 2021, em que ele revisita todas as mudanças que testemunhou e evoluções conquistadas em seu campo profissional em mais de 50 anos de medicina.

— Quando comecei não tinha nem exame de imagem, dá pra acreditar? — brinca o cancerologista de 77 anos, hoje à frente do quadro "Parada obrigatória — Vencendo a ansiedade", cujo segundo e último episódio vai ao ar neste domingo, no "Fantástico".

Entre os livros de sua autoria está o best-seller "Estação Carandiru", que retrata seu trabalho de pesquisa sobre a prevalência do vírus HIV na população carcerária da Casa de Detenção do Carandiru, de 1989 até 2002, quando o presídio foi desativado.

Drauzio é um dos nomes pioneiros no tratamento da Aids. Esta, aliás, é uma das passagens que ele vai relembrar em seu novo livro.

—  Quero falar do que aprendi nesse tempo todo como médico e também sobre como a medicina evoluiu nessas cinco décadas. Mas sem deixar de lado o contexto do país. Trata-se, acima de tudo, de uma reflexão sobre o Brasil.

Formado pela USP em 1967, ele dirigiu por 20 anos o serviço de Imunologia do Hospital do Câncer (SP). Na década de 1980 já estabelecia seu primeiro vínculo com um público maior através da mídia, graças a campanhas informativas nas rádios sobre a prevenção à Aids.

Mas foi sua parceria com o "Fantástico" que consolidou, de fato, seu nome na boca do povo. Em 20 anos, Drauzio pilotou séries sobre o corpo humano, primeiros socorros, gravidez, combate ao tabagismo, planejamento familiar, transplantes, entre outros temas.

Agora, com "Parada obrigatória — Vencendo a ansiedade", surge um novo desafio: enfrentar a resistência das pessoas diante do debate sobre saúde mental.

— Há um fenômeno de resistência geral ao tema, muito por conta da má interpretação dos que cercam aqueles que sofrem de transtornos de ansiedade — opina — A pessoa não sabe dizer por qual motivo não consegue sair de casa. As características dessas crises não são explicáveis e os outros acabam encarando aquilo apenas como fraqueza, ou coisa do tipo.

Por falar em negacionismo, Drauzio enxerga com maus olhos a decisão do Ministério da Saúde de retirar a população carcerária da lista de grupos prioritários para receber a vacina contra a Covid-19.

— As pessoas querem lidar com o vírus usando a emoção, e ele não está nem aí pra isso. Não é porque você quer que o preso morra que o vírus não vai escapar do presídio — critica o médico — Vivemos um momento em que colocamos sob suspeição tudo que vem do governo federal e do Ministério da Saúde.

Comentários

Comentários