Temporada de verão e festas de fim de ano no litoral brasileiro sempre foram um desafio à civilidade. Com o advento da Covid-19, então, tornou-se uma aventura na selva.
Aquela parcela de 30% da população que segue cegamente tudo o que o presidente da República diz e não acredita em pandemia é justamente a primeira a arrumar as malas e reservar casas e hotéis. Existe até um comportamento padrão. Andam em grupos, sem máscara, estão sempre acompanhados de caixas de som e coolers, desfilam SUVs, picapes e latas de cerveja "puro malte" nas ruas e "falam gritado". E como...
A todo momento você pode observar um comerciante em apuros, pelo menos aqueles que tentam seguir os protocolos de prevenção ao coronavírus. O turista anti-Covid entra no estabelecimento em grupo, sem máscara, sem nenhuma preocupação com o álcool gel, e já vai revirando o que for de seu interesse. Ser for restaurante, exige imediatamente o cardápio. Se o atendente pede para usar máscara ou higienizar as mãos, leva uma descompostura ou, no mínimo, um olhar enfurecido.
Parece preconceito. E é.
Na realidade, vivemos no Brasil, a anarquia da pandemia: o povo é insuflado pelos próprios governantes a se revoltar contra medidas que são tomadas para proteger a sua própria saúde. O governo anárquico sabota tudo e todas as iniciativas que pretendem zelar pelo bem comum. E todo comportamento reprovável, sob todos os aspectos, passa a ser legitimado a partir do Palácio da Alvorada.
Isso isenta de responsabilidade os 30% que não acreditam na Covid-19? De jeito algum. Sou, inclusive, a favor que eles assinem termo de responsabilidade abrindo mão da vacina contra o coronavírus (e que isso tenha implicações do ponto de vista do uso da estrutura de saúde pública). Não é uma medida sensata, dirão os especialistas. Concordo. Mas a sabotagem contra o país e a maioria dos brasileiros chegou a tal ponto que a gente se vê tentado a "dar uma invertida" em quem faz apologia diária contra a vacina.
Que 2021 nos reserve, ao menos, a possibilidade de ter acesso à vacina. Sem sabotagem. Sem terrorismo de Estado..