Os vencedores do Prêmio Nobel de Física de 2021 foram anunciados nesta terça-feira (5), e os cientistas Syukuro Manabe, Klaus Hasselmann e Giorgio Parisi, foram contemplados por seus trabalhos nos modelos físicos sobre mudanças climáticas e contribuição à denominada teoria dos sistemas complexos.
Clique e faça parte do nosso grupo no WhatsApp e receba matérias exclusivas. Fique bem informado! Acesse: https://bit.ly/ovale-agora-9
Porém, o que a entrega desse prêmio significa para a representatividade feminina dentro da ciência?
Desde 1901, quando o Prêmio Nobel foi criado, os prêmios considerados das áreas de ciência (Fisiologia ou Medicina, Física e Química) foram entregues a 625 pessoas (considerando que dois homens receberam duas vezes o de Física e de Química), mas apenas 22 foram entregues a mulheres (Marie Curie também foi premiada duas vezes pelos prêmios de Física e Química).
Sendo assim, as pesquisadoras representam menos de 4% dos laureados, o que levanta questões sobre a sub-representação das mulheres nas áreas STEM (sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharia e matemática).
BARREIRAS IMPLÍCITAS E EXPLÍCITAS
As (poucas) pesquisadoras e profissionais que persistem nas áreas, acabam enfrentando barreiras explícitas e implícitas durante a carreira. O preconceito normalmente é encarado em áreas e locais de trabalho que são predominantemente masculinos, e muitas vezes a posição que tais mulheres ocupam acabam sendo vistas como “simbólicas”.
Alguns estereótipos sociais como: “mulheres não gostam de matemática”, “mulheres não são tão boas em ciência” ou até mesmo “meninos são inteligentes, meninas são esforçadas”, sustentam preconceitos dentro da área, fazendo com que meninas e mulheres evitem áreas relacionadas a STEM.
O público geral, quando pensa em ganhadores do Prêmio Nobel, tende a imaginar: homens brancos mais velhos, isso porque cerca de 97% dos ganhadores possuem tais características. Traçando então, um falso estereótipo sobre quem faz ciência.
Porém, segundo o relatório “A Jornada do Pesquisador pela Lente de Gênero”, publicado em 2020, pela editora Elsevier, mostrou que em 20 anos a participação feminina em publicação de artigos científicos, teve um aumento significativo.
No documento é considerado a evolução de representatividade de gênero entre cientistas de 15 países, a partir de publicações da base Scopus entre 2014 e 2018 e entre 1999 e 2003.
Segundo o levantamento, passou de 29% para 38% o número de mulheres entre os autores de pesquisas em todo o mundo. O Brasil é um dos países onde mais cresceu essa participação. No início do século, 35,3% dos autores no País eram mulheres. Hoje elas já são 44,25%.
"Em média, somos 50% dos alunos na graduação, no mestrado e no doutorado", afirma a física Márcia Barbosa, diretora da Academia Brasileira de Ciências (ABC), para o Estadão. "As mulheres estão se capacitando cada vez mais para responder à questão dos salários mais baixos."
Então, se elas possuem presença quase igualitária dentro das salas de aula, por qual motivo continuam sendo tão pouco representadas em premiações? Para a diretora da ABC, os maiores desafios começam a surgir depois. "Detectamos em nossos estudos que as mulheres têm menos capacidade de construir redes políticas. Não somos treinadas para isso desde novas, como os homens", diz. "Quanto mais político for o cargo, menor é o porcentual de mulheres ocupando. O Nobel se enquadra nisso, depende de indicações, de votos."
AS VENCEDORAS DO NOBEL DE CIÊNCIAS
1903 – Marie Sk?odowska Curie (Física)
1911 – Marie Sk?odowska Curie (Química)
1935 – Irène Joliot-Curie (Química)
1947 – Gerty Cori (Fisiologia ou Medicina)
1963 - Maria Geoppert-Mayer (Física)
1964 – Dorothy Crowfoot Hodgkin (Química)
1977 – Rosalyn Yalow (Fisiologia ou Medicina)
1983 – Barbara McClintock (Fisiologia ou Medicina)
1986 – Rita Levi-montalcini (Fiologia ou Medicina)
1988 – Gertrude B. Elion (Fisiologia ou Medicina)
1995 – Christiane Nusslein-Volhard (Fisiologia ou Medicina)
2004 – Linda Buck (Fisiologia ou Medicina)
2008 – Françoise Barré-Sinoussi (Fisiologia ou Medicina)
2009 – Elizabeth Blackburn (Fisiologia e Medicina)
2009 – Carol Greider (Fisiologia ou Medicina)
2009 – Ada Yonath (Química)
2014 – May-Britt Moser (Fisiologia ou Medicina)
2015 – Tu Youyou (Fisiologia ou Medicina)
2018 – Donna Strickland (Física)
2018 – Frances Arnold (Química)
2020 – Andrea Ghez (Física)
2020 – Emmanuelle Charpentir (Química)
2020- Jennifer Doudna (Química)