Dentre tantos significados que a palavra câncer pode trazer à vida de uma pessoa, o seu real significado, ou seja, sua origem, vem da palavra grega karkinos, que significa caranguejo. O formato do crustáceo, com suas várias patas, lembrava a forma que o câncer ia assumindo ao se espalhar e deformar a pele sobre os vasos sanguíneos de uma pessoa, como explica o Instituto Nacional de Câncer.
E o pequeno caranguejo que brota no peito é, hoje, a maior causa de morte por câncer em mulheres brasileiras. Durante o ano de 2020, as estimativas do INCA são de que mais de 66 mil novas ocorrências da doença surgiram e a mortalidade está ligada a diversos fatores, como sedentarismo e obesidade.
Cura
Quanto antes o câncer é descoberto, maiores são as chances de cura e é por esse motivo que durante o mês de outubro tanto se fala sobre o tema. A Luciana Valadares, por exemplo, viu o câncer de perto quando sua mãe, Lígia Valadares, hoje com 79 anos, recebeu o diagnóstico positivo para a doença:
“Recebemos a notícia menos de dois anos após a partida do meu pai, nosso grande amor. Já estávamos muito fragilizadas e aquele exame positivo parecia arrancar a alma do corpo. Mas com a força inabalável dessa mulher gigante, nos transmitindo toda fé e sabedoria dessa vida, seguimos unidas à família e à Deus, com a certeza que tudo era uma fase e que caminhávamos rumo a vitória”, conta Luciana com muita alegria.
Após 8 anos de história, Dona Lígia continua ao lado da família, curada e com saúde. A filha reforça o recado, “Façam a mamografia anualmente e acreditem de coração, que a cura é real”, compartilha Luciana, que conta o quanto a fé foi importante durante o tratamento. As chances de ter câncer aumentam com a idade, por isso mas com os exames em dia e uma descoberta precoce, é possível vencer.
De acordo com o Dr. Luís Henrique Ferreira, Mastologista, especialista em diagnosticar e tratar doenças da mama, com atuação significativa em São José dos Campos, alertar sobre o assunto é essencial, pois a ocorrência de câncer de mama tende a subir nos próximos anos em nosso país:
“Infelizmente, no mundo inteiro, o câncer de mama vem aumentando a sua incidência. Em fevereiro de 2021, a Organização Mundial da Saúde considerou o câncer de mama o tipo de câncer mais comum do mundo, superando mesmo o câncer de pulmão, que antes era o mais incidente e que, provavelmente, por conta das campanhas antitabagismo, isso diminuiu”, explica.
E o aumento está relacionado a fatores comportamentais, como a diminuição da amamentação por mulheres, aumento da expectativa de vida da população, e também, a progressiva criação de hábitos não saudáveis, como a má alimentação e falta da prática de exercícios físicos que levam ao sobrepeso e ao sedentarismo.
“O aumento da expectativa de vida da mulher é um fator. A gente sabe que o câncer é um muito incidente em pessoas idosas. Outro fator que a gente vê com bastante frequência é a obesidade… Outras causas que a gente pode colocar é o uso de álcool, o álcool está intimamente ligado a incidência de câncer de mama, e principalmente, é a mudança de vida reprodutiva da mulher moderna. Antigamente, os nossos avós e bisavós tinham 6, 7 filhos, hoje, a mulher ela busca uma estabilidade profissional, busca um posicionamento no cenário econômico e deixa, muitas vezes, o casamento ou uma gestação para um segundo plano e a gente sabe que ela vai ter 1 ou 2 filhos, no máximo, e deixam, muitas vezes de amamentar, e a gente sabe que a amamentação é um fator de proteção.
Por isso a observação é fundamental, analise sempre e avalie se existem alterações na mama: dor, endurecimento, secreções, enrugamento, irritações, manchas, e principalmente, os nódulos, que já podem indicar um estágio mais avançado da doença. Sempre faça o autoexame, que é, justamente, o toque e a observação da região do peito. Para mulheres com mais de 50 anos, a atenção deve ser redobrada.